Se algum dia compreenderes, a indvidualidade não implica o peculiar e prestigioso sentimento de se ser especial, fundamenta-o. E a dificuldade da vida é o prazer de a viver, precisas de um ego que experimente e que se experimente no mundo para teres uma existência que respire em plenitude.
Se algum dia compreenderes que te compreendo e te não posso desculpar so porque vejo de que cor é a tua dor e qual é a tonalidade da tua essência. Te não posso desculpar por empatia genuína. Um erro é sempre um erro, eu tenho os meus, disciplinei o meu olhar para se tornar optimista e tornar a miséria util, de forma humana honesta , sem dramatismos pateticos. Se algum dia compreenderes que já cresci, já tive esse momento em que afundei a minha melancolia cheia de raiva surda na irresponsabilidade e na loucura.Deram-me a consequencia grave e moribunda de uma causa que não pedi e não mereci, era injusto te-la, era injusto fazer nada. E depois a vida passou por mim porque me droguei no êxtase e, quando a consciência me dominou, procurei a orientação responsavel cheia de uma sabedoria epicurista porque experimentei todas as sensações. Ninguem me levou a sério, era apenas louco e todos os loucos são inconsequentes.
Mas eu vi a tua procura pela mudança, ofereço-me sempre para te ajudar a estabilizar a turbulência da drástica alteração no teu ego. Mas me não mistures com eles só porque não assumo oficialmente que identifico a tua desgraça porque tive uma semelhante. A individualidade não implica especialidade eficiente em ser melhor que qualquer coisa. Ser diferente é apenas ser diferente, és tu que tens de fazer algo excepcionalmente bom com isso. Eu compreendo-te mas já sei quem sou e o lamento não ser.
Wednesday, December 21, 2011
Tuesday, December 20, 2011
Surrealismo
É o sublime encanto do conto, o prazer de ler uma história. Inspira ao inovar a imaginação, torna possível aquilo que negaste na desilusão de teres tomado como inalcançável. Uma boa história dissolve a realidade na imaginação por ter a arte de focar um instante que não aconteceu mas poderia ter acontecido, de tornar esse instante audivel exacto sem que ele tenha ocorrido, um paradoxo que se torna válido visivel.
E és uma história, mais uma, cheia de um caracter profano quotidiano. Trazes contigo a beleza que conquistaste numa determinada era, o amor é volátil e denso. És um pequeno conto, se ninguem imaginasse que uma especifica ideia se podia instalar, tu não existirias. (Ver-te sem te reconhecer porque me não pergunto sobre o que te move)
E importa pouco se é um final cheio de felicidade ornamentada com mérito e prestígio ou um final com tonalidade triste preenchido por uma lógica incisiva de que tudo é exactamente o que é, ver a restrição da imaginação onde ela mais voa. Liberdade de existir é uma restrição em si. Importa que termine de forma a que faça sentido e movimente uma ideia.
É o suave sorriso do ego depois do conto, deixa-te a pensar. Mas tu tambem és um conto. Os bons momentos foram bons e os maus foram maus, o pragmatismo da realidade é o que lhe permite encanto, não tens de ser objectivo oblíquo , podes imaginar que imaginas.
Eu imaginei-te e só me importa a minha ideia, no final, quero que o conto que és justifique o caminho que quero crer que percorri. Mas oferece-me um final qualquer, entende, o que sempre me atraiu nos contos nunca foi o facilitismo de um fim que me aquece o espirito. O conto aquece a essência humana individual, suporta e sustem e eleva todo o meu ser a um outro nivel.
E és uma história, mais uma, cheia de um caracter profano quotidiano. Trazes contigo a beleza que conquistaste numa determinada era, o amor é volátil e denso. És um pequeno conto, se ninguem imaginasse que uma especifica ideia se podia instalar, tu não existirias. (Ver-te sem te reconhecer porque me não pergunto sobre o que te move)
E importa pouco se é um final cheio de felicidade ornamentada com mérito e prestígio ou um final com tonalidade triste preenchido por uma lógica incisiva de que tudo é exactamente o que é, ver a restrição da imaginação onde ela mais voa. Liberdade de existir é uma restrição em si. Importa que termine de forma a que faça sentido e movimente uma ideia.
É o suave sorriso do ego depois do conto, deixa-te a pensar. Mas tu tambem és um conto. Os bons momentos foram bons e os maus foram maus, o pragmatismo da realidade é o que lhe permite encanto, não tens de ser objectivo oblíquo , podes imaginar que imaginas.
Eu imaginei-te e só me importa a minha ideia, no final, quero que o conto que és justifique o caminho que quero crer que percorri. Mas oferece-me um final qualquer, entende, o que sempre me atraiu nos contos nunca foi o facilitismo de um fim que me aquece o espirito. O conto aquece a essência humana individual, suporta e sustem e eleva todo o meu ser a um outro nivel.
Monday, December 19, 2011
What a Wonderful World
Eu sou eu, um objecto em dinâmica contínua , parte integrante de um movimento que me altera e que vou alterando, suavemente, na proporção do meu tamanho e da minha relevância. Sou uma ideia que defendo activamente e que me caracteriza enquanto a personalizo, sou a oposição consciente incisiva na corrosão do ideal que desprezo.
E sou uma fonte de erros, de falhas e de incoerências antroplógicas cheias de uma lógica rigorosa ampla e humana porque sou egocêntrico equilibrado no optimismo do reflexo que identifico como meu. Sou uma reserva compactada das inovações que me favorecem ao oferecerem-me um lugar cheio de mérito existencial no mundo. Sou uma essência individualista arrongante, acredito que a minha ideologia tem , pelo menos, tantas hípoteses de estar correcta como qualquer outra.
Eu sou eu, apenas eu e, no final, sou apenas eu , que existe contigo em dinâmica contínua numa rede densa e suave de afectos que se nunca quebrou. Porque sou uma fonte de qualidades que se ornamentaram e que se tornaram mais elegantes no pensamento na coexistência uníssona contigo, desde sempre; sou, em alguns instantes, uma versão diferente de ti ( porque a existência precede a essência).
E sou uma fonte de erros, de falhas e de incoerências antroplógicas cheias de uma lógica rigorosa ampla e humana porque sou egocêntrico equilibrado no optimismo do reflexo que identifico como meu. Sou uma reserva compactada das inovações que me favorecem ao oferecerem-me um lugar cheio de mérito existencial no mundo. Sou uma essência individualista arrongante, acredito que a minha ideologia tem , pelo menos, tantas hípoteses de estar correcta como qualquer outra.
Eu sou eu, apenas eu e, no final, sou apenas eu , que existe contigo em dinâmica contínua numa rede densa e suave de afectos que se nunca quebrou. Porque sou uma fonte de qualidades que se ornamentaram e que se tornaram mais elegantes no pensamento na coexistência uníssona contigo, desde sempre; sou, em alguns instantes, uma versão diferente de ti ( porque a existência precede a essência).
Friday, December 16, 2011
Desintegração
A interpretação do significado do conceito da palavra que já é uma interpretação em si. A confusão que fica do desentendimento na consciência de que o mundo não é apenas uma estrutura lógica correctamente organizada de forma a fazer friamente sentido. E o que é bom ou o que é mau perde-se na interpretação intimista pessoal dependente de cada experiência vivida.
Perdeste a vida na desintegração absoluta abstracta do porquê e foi assim que existir atingiu o apogeu na tua pele, a experiência após a experiência. Pedirem-te para ignorares o porquê é pedirem-te para não viveres, não há nada de puramente lógico na tua procura da razão inicial, curiosidade sensível da essência humana.
E o que não cabe no porquê é irrelevante, se não compreendes o fundamento matricial é porque o não vês inatamente e ele não te soa real. No final, as coisas são exactamente o que são, consequencias de viver para alem de ser espectador passivo de existir.
Não há sacrificio. Não há uma perda absoluta. A interpretação da palavra é a tua forma de ver o mundo, é o teu olhar, tudo é dinâmico e, se te não compreendem, é porque o teu ego original não é real. Perdes a vida a vive-la no clímax, a tua tristeza e a tua alegria são uma mesma coisa.
Monday, November 14, 2011
Amor II
Daqui sinto o cheiro do mar, tão distante numa proximidade espiritual. Sofri o dia todo na espera cheia de uma obessessão pacifica que a noite acalmasse e enternecesse a essência que é minha e que é do mundo.
Respiro fundo. Cheiro o mar, o som da brisa salgada cola-se aos ombros.Perguntei-me pelo valor de todas as palavras que digo, pronunciei nada porque tudo era artificial sem superficialidade. E o mar estava cinzento no azul aberto claro infinito.
Esperei o dia todo pela paz da noite. Sobraram palavras nenhumas. Até que, enfim, tu chegas.
Amor I
O Amor também é um dogma social desenhado em abstracto. Vejo, quando te olho , aquilo que teria gostado de querer. Nada é real tudo é válido, te não vejo porque não sei se me vejo. Observo, talvez, aquilo que gostava de me ter tornado entranhado enrolado na memória que julgo que te pertence.
E, no entanto, é simples.
Tu cumpriste o destino que era meu e sempre fui demasiado egocêntrico individualista para ver nos teus olhos o meu próprio reflexo. Sou demasiado eu para ser previsivel. Sou demasiado eu para ser narcisista.
Monday, November 07, 2011
Silêncio
Aborrece-me pensar que fecharei os olhos e um novo dia brotará da janela do mundo. Aborrece-me a convenção, talvez tenha uma qualquer dormente dor a oprimir o espirito e, dormir, é assumir que acordarei com ela no amanhã sem saber bem que dor é que me atormenta. Só sinto dormência, invevitabilidade do que é inevitável.
Talvez seja o oposto, há uma felicidade oblíqua inteira no negro da noite, silêncio profundo da minha essência em descanso tranquilo, só o ruído quente da música no vazio. Talvez seja o contrário, sinto-me em felicidade calma cheia de uma excentricidade quase filosófica. Talvez, importa pouco, significa quase o mesmo. Já me disseste tantas vezes que ver luz onde só há negro e encontrar aí a minha triste alegria é patético e mórbido e te já respondi inúmeras vezes que vives numa felicidade saltitante irritante de quem quer pouco da vida e se resigna a ter uma mente pobre e um espirito podre. Não sabes o que fazer ( viver a vida!) enquanto esperas a morte, não sabes existir.
Aborrece-me fechar os olhos e descansar o corpo, não quero a leveza de que a vida continua. Quero a vida em si. Quero o teu silêncio porque te não sabes entreter enquanto vives.
Saturday, November 05, 2011
Desconcerto
O problema em algo subjectivo abstracto, o problema do conceito de elitismo. Não saber ser menos do que se é, não saber reduzir ou simplificar e existir essa necessidade. De tornar tudo mais perceptível, ser um Ícaro experiente que aprendeu a sobreviver às quedas venceu o seu ego, jamais vencerá o Sol, lhe não sobra nada a seguir. Ícaro não quer vencer o Sol, o mundo perderia limites e tem de existir sitio para o amor viver.
Pensar para além do que é visivel, o desfazer do agora e o excessivo aproveitar do momento para a vida não ser gasta em algo, volátil, talvez. Não tornar a ideia superflua e ocamente excêntrica, depois perde-se o fundamento. O desprezo pela vida ao vive-la demasiado e a procura do equilibrio existencial.
Viver é simples, tão simples. E complicamos tanto, interpretar o que não existe para acontecer o que não estava previsto e evoluirmos nas rudes opiniões que se tornam mais elegantes com a inovação reciclável da inteligência (mas somos só Homens). E o desintegrar do conceito aureo de Amor porque tem de se confinar ao lugar fisico onde lhe é permitido respirar para nenhuma parte da vida objectiva ser perturbada. Somos só Homens e nem isso sabemos ser. E o meu pensamento e o meu ser perdem-se no profundo discordar da ideia base fundamental com a qual não consigo coexistir.
Thursday, October 20, 2011
Darwinismo
A suavidade da noite, a memória ténue de uma memória que permaneceu e que é real sem o ser, a mudança contínua constante oblíqua existe sempre quer a vejas quer escolhas ignora-la porque o frio que fica desta consciência é algo que não aguentas. A suavidade da existência, tenho a calma tranquila de quem venceu a guerra porque me assumi uno cheio de dualidades explícitas intimistas nessa batalha que tu , talvez não repares, mas é em nome da evolução.
Porque sempre fui um sobrevivente, fui hábil e flexível estratego em todos os instantes de todas as esquinas das ruas por onde passava e me esquecia o nome. Fui sempre eu e fui eu que permaneceu, firme direito bélico, nessa disputa. Cumpri o destino que escolhi para me oferecerem, sou Homem e não tenho medo nem do proprio medo. Não tenho medo da morte.
E muito menos tenho medo do cinzento macilento da tua essência fraca tísica patética. Sou Homem, tenho duvidas, tenho hesitações, tenho um turbilhão de percepções e sensações e sentimentos dentro de todo o meu ego mas não tenho medo, não desse tipo. Enfrento os meus fantasmas para lhes dar um outro nome e me serem uteis na vida que eu escolho, activamente e conscientemente, viver de forma a que a morte faça sentido e se enquadre naquilo que me define.
A suavidade da noite, venci uma batalha, porque existo e vivo e tenho o mundo na pele, porque vivo. Estou calmo, consciência de ter consciência e consciência de ter sido eu, Homem inteiro divino na sua imperfeição opaca. E tu, que temes tanto para as minhas palavras e a minha certeza de que eu sou eu te enervarem e perturbarem e descontrolarem tanto? (A vida que não sabes viver e a guerra que não tiveste perspicácia na derrota.)
Monday, October 10, 2011
Reminiscências de uma Morte
(La valse a mille temps) porque a vida é preciso vive-la, não deixaste de existir, não ainda. Não morreste em absoluto concreto, guio-me pela tua melodia que permanece aqui (que imagino eu). Não findaste tudo o que eras nem terminaste tudo o que gostavas de te não ter tornado. Não, não, deixaste algo por fazer, tenho eu as tuas memórias.
(La valse a mille temps), é a tua voz no mais profundo calcário do ser que tenho e que tento que se não perca do teu. É o teu conselho, o teu ensinamento, sempre fui discipulo teu. E ouço-te ainda, a recordar-me da minha juventude , a consciencializar-me de todo o prazer epicurista de viver e de querer ter mais do que uma qualquer existência, tão oferecida à minha essência volátil como foi a inevitabilidade da morte.(não, ensinaste-me a preciosidade metafórica concisa livre da vida) A tua advertência para eu aprender a ser eu, ser inteiro no trilho que escolhi como morte , que escolhi como final de tarde no azul salgado de um verão fresco e quente. A voz que se perdeu no tempo, que se misturou com o vento nocturno cheio de um som cheio de luz.
(La valse a mille temps, Pour que tu aies vingt ans et pour que j'aie vingt ans), no meio do ruído cavernoso da multidão de betão, só aqui estamos nós. A felicidade de viver prenche-me o espirito , sinto-me vivo, sinto-me Homem, quero viver, quero saber morrer. Quero ver o mar, sentir a espuma das ondas a salgar-me as ideias, quero que o sol me aqueça e ilumine a dor para ela não se sentir tão só. Quero imaginar que somos ambos jovens e fingir que tu ainda aqui estas e sentar-me a ouvir-te , quero que não importe que não seja real porque não deixa de ser verdadeiro honesto gesto.
(La valse a mille temps), e tu estás aqui e sinto-me feliz na infelicidade de já não existires, de te ver só quando não sei que te não posso ver. Mas estás aqui, importa pouco que não estejas, estás aqui e sinto-me feliz na miséria que é minha, na miséria que me torna mais Homem porque me define sem limitar o que é viver. Mas estás aqui e o mundo peganhento dúbio sujo de tanta mediocridade inócua a propósito de um enorme vazio humano enfadonho treme, treme à minha chegada porque só me vê a mim mas sou mais do que eu, estás aqui , tu, eternamente, ( la valse a mille temps) e nada pode a opaca negra lamentavel oca multidão com um rosto tão definido no nada que são contra nós. Contra ti. Nunca pode. (Une valse à cent ansune valse ça s'entend , a chaque carrefour)
Wednesday, October 05, 2011
Viver
Apetece-me devorar a vida, prende-la à alma que desacredito ter, sentir a liberdade máxima, procurar a única escravatura sublime que quebra o determinismo do destino (o amor). Hoje quero ser uno, quero ser o Universo e sentir-me exterior àquilo que sei ser-me, quero amar-te te não amando, tornar o teu rosto nos traços do retrato da ausência, sempre me pareceu saudavel permitir que a arte oriente e ampare a frustração ou a dor ( talvez porque o seja, facto em abstracto, ou porque aprendi assim a abraçar e a conviver com a dor que é minha em absoluto).
Apetece-me queimar suposições românticas ocas sem um porquê digno de existir, apetece-me um outro tipo de existência, uma mais violenta (a paixão intermitente no desejo de querer ser). Apetece-me existir em plenitude , ver-me só na multidão mas ser feliz em qualquer projecçao, em qualquer perspectiva, ser inteiro integro. Quero ser agradavel louco , quero –me incluir ao excluir ou ser o som dissonante que não pertence mas que torna tudo mais livre excêntrico profundo.
Quero viver violentamente mas de mansinho, apetecem-me os pequenos e discretos prazeres que me tornam mais Homem e menos besta, quero ser mais elegante requintado na forma como percepciono que penso. Apetece-me sentar em sítio nenhum e esperar que chegues, ser leal na minha infidelidade , não quero saber onde estás nem te quero dizer que o azul do mar me faz companhia do interior para o amplo e infinito exterior de mim. Apetece-me devorar a vida, ser irresponsável sem ser inconsequente ou ingénuo. Hoje quero ser imprevisivel, até para o meu mais profundo e denso inconsciente, desejo ser imprevisivel.
Sunday, September 11, 2011
Dia de trabalho
É a ultima noite de liberdade, vivo neste mundo cresce em mim a necessidade de desorganizar um caos correctamente organizado. É a ultima noite de liberdade, desta leve forma de respirar e o meu corpo pede a mais tranquila das noites. Queria viver , é a ultima noite de uma epoca pacifica, de uma epoca tranquilizante. Queria esgotar a vida, observar o mar no fundo da janela dos meus olhos e inundar-me de uma vida selvagem civilizada por ideais cujos mestres já estão mortos.
É a ultima noite de liberdade, a loucura de não ter praticado loucura alguma. O desabafo da solidão, sentia-me a falta. Queria paz e o aborrecimento de um quotidiano quase apatico. Na ultima noite desta liberdade, na ultima noite antes da azafama de uma cidade pequena para tanta vida que dela escorre, so desejei a paz. Relembrar-me das boas memórias sem pensar nelas. Estou em mais que calma de existência, como que drogado por ter vivido e por ter sido louco, lucidamente louco, descanso agora. Qual o sentido de viver se não perdemos um majestoso tempo arrastado em que pensamos nas loucuras e o nosso espirito parte com as aves porque fomos livres, artistas filosofos abstractos, na forma como a vida se prendia ao estomago?
É a ultima noite de liberdade, vivo neste mundo tambem preciso de exercitar o meu cerebro. Preciso de sentir a ausência desta paz para me saber melhor no seu regresso. É a ultima noite desta leve forma de olhar o mundo, amanhã sou parte do ruído da cidade. Por isso estou em paz. Em tranquilidade existencial. Porque sou livre, não me roubará isso um caótico quotidiano que só os ignorantes apreciam. Sou livre, terei a mais descansada das noites porque sempre fui livre e guardo memorias de ser livre debaixo da pele.
Roma
Choro por ti. Choro por mim, não quero o mesmo destino triste, partilho já uma parte do teu fado. A tua essência, tão humana, foste deus tendo tido sempre uma carne fragil. Queimada, destruiste-te a força de te construires, algures o teu sonho afundou-se em ti e acordaste no dia seguinte com tanto vazio dentro de ti sem te aperceberes sequer.
Choro por ti, pela tua fé quebrada. Tão mortal , tão magnificiente, tão falivel. Uma sucessão de sucessos que conduziu ao pior dos fracassos. E hoje o teu rosto é relembrado pela tua loucura quando perdeste a tua fé e o quando o vazio te guiou. Foste cruel, foste desumana, perdeste-te e continuaste de pé na teimosia de quem não aceitou que morreu. Perdeste a tua dignidade em honra de um tempo que se já tinha petrificado e és relembrada por isso. Quando a tua fé se afundou na concretização errada de um sonho bonito, afogou-se a tua grandiosidade. Afogou-se a tua utopia.
Choro por ti e lamento por mim, procuro-te sempre nas entrelinhas aborrecidas e cansativas do meu quotidiano. Lamento por mim, tenho a astúcia crua do teu pensamento a iluminar-me a sombra. Mas tenho-te saudades, tantas saudades, abro a janela na noite profunda e o teu aroma paira na cidade, ergueste-lhe os alicerces civilazacionais. É um vento discreto, porque perdeste a tua fé devagarinho, deixaste que a única religiao que alguma vez te moveu dissolver-se na poderosa magnificiencia que estava envelhecida. Mas tenho-te tantas saudades e esta é uma noite calma, tranquila, guerra nenhuma vigia o céu, ninguem te precisa, nem eu invoquei a tua estratega perspicácia. Choro por ti, lamento tanto a tua triste história cadenciada numa melodia cheia de lógica. Humana, lógica humana.
Monday, September 05, 2011
Jim Morrison
No teu corpo desfeito entregam-se os teus crentes . Dissolvidos pela tristeza de já não existires, preenchidos pela existência divina inovadora, abstracta magnificiente que tiveste ( que tens ainda).
No teu corpo desfeito deixei eu a minha melhor melodia , deixei eu o meu clandestino cigarro numa cidade que não é a minha. Sou teu crente, deus homem , morto por um tempo que não era o teu. Sigo a tua voz que ainda hoje é signo de futuro. Sigo a tua melodia ímpar e encontro-te vivo na morte que te definiu antes de sequer ter eu aberto os ouvidos para saber de que cor é o mundo.
Ao teu corpo desfeito deixei eu o meu obrigado mais profundo honesto, a mais elegante e sincera arte que em mim escorre. Sigo-te, que seria de mim sem a tua existência para me fazer companhia na solidão gelada de uma noite demasiado quente? Ao teu corpo desfeito deixo eu a prova de que a tua vida não foi inutil. De que não foi vazia, de que não és um corpo oco.Foi crueldade ignorante alheia, a tua morte.
No teu corpo desfeito deixei eu a minha melhor melodia , deixei eu o meu clandestino cigarro numa cidade que não é a minha. Sou teu crente, deus homem , morto por um tempo que não era o teu. Sigo a tua voz que ainda hoje é signo de futuro. Sigo a tua melodia ímpar e encontro-te vivo na morte que te definiu antes de sequer ter eu aberto os ouvidos para saber de que cor é o mundo.
Ao teu corpo desfeito deixei eu o meu obrigado mais profundo honesto, a mais elegante e sincera arte que em mim escorre. Sigo-te, que seria de mim sem a tua existência para me fazer companhia na solidão gelada de uma noite demasiado quente? Ao teu corpo desfeito deixo eu a prova de que a tua vida não foi inutil. De que não foi vazia, de que não és um corpo oco.Foi crueldade ignorante alheia, a tua morte.
Apolo
Metáfora da clarividência, quebras o silêncio da noite com a melodia do sol que és.Símbolo da luz, trazes contigo a calma e a perseverança que se nunca alongam o suficiente.
Deus jovem, mortal de tão Homem, viram-se para ti as orações mas só as ouves quando tens tempo. É difícil o teu ego, tens uma crueldade momentânea egoísta. Mas tens em ti a arte, nenhuma melodia se assemelha a beleza da tua lira. Tens o dom de iluminar as trevas nocturnas que se instalam nos corações dos homens, tens o dom da cura, atenuas a dor, Deus da medicina, atenuas o sofrimento. E tens mais dons aínda, num combate oblíquo com o mais negro que em ti respira.
És homem de tão sedento de prazeres baratos, tens tudo em plena magnificiência e perdes-te nessa leveza de seres Deus. És dual, ego diagonal, és pai dos Homens.
Metáfora da clarividência, entrego a ti a minha oração, Deus da música curandeiro. Nessa melodia única da tua lira mora o meu antigo coração.
Tuesday, August 09, 2011
Unhappy Girl
“Sempre pensei que o amor fosse complexo. É tao biológico quanto é racional. É tão creativo e inovador quanto é antigo. É tão humano quanto é animalesco.. É o mais denso pensamento existencialista; é o mais elaborado narcisismo que acaba por alcançar ferozmente o altruísmo. O mundo alimenta-se deste amor que é sustentado por um peculuiar e puro egocentrismo.
Mas o Amor é simples. Amo-te apenas porque tu és tu, um inteiro ser que é um Universo caoticamente organizado só para mim. A beleza do teu rosto não deixa tambem de ser desenhada pelos meus olhos. E amo-te com a complexidade que existe na suavidade do mar de uma tarde de Verão. O Amor é volátil e é efémero como uma flor.Amo-te apenas porque tu és tu.”
Ele dobrou de novo a carta, as palavras dela tinham sido verdade, o já não eram. Não, não o eram para ele. Mas as palavras, aquela inutil folha de papel guardava perfeitamente a essência dela. E ela era única , era dual. Vivia do que sentia, vivia da melodia que o mar lhe cantava ao ouvido, vivia de sensações extremas e da consciência no final da noite. Vivia da tristeza em paralelo com a alegria. Ela vivia da vida que germinava dentro dela, era única. Era dual, tao melancólica e tão carismáticamente alegre.
Ama-a ainda, por isso. Ama-la-à sempre, mesmo quando o amor se esgotar, ama-la-à sempre. Porque ela libertou-se da dor daquelas palavras , resumo de um futuro sem futuro, ao escreve-las. Naquele pedaço de papel respirava o coração dela. Ela tinha um elegante e melódico conceito de arte. Mas ele não. A única arte dele era ela, era o perfume dela, era a essência dela e ela já tinha partdo. Porque ela percebia e vivia da arte e ele vivia numa realidade organizada , fixa e imutável onde não mora a ideia improvavel.
Mas o Amor é simples. Amo-te apenas porque tu és tu, um inteiro ser que é um Universo caoticamente organizado só para mim. A beleza do teu rosto não deixa tambem de ser desenhada pelos meus olhos. E amo-te com a complexidade que existe na suavidade do mar de uma tarde de Verão. O Amor é volátil e é efémero como uma flor.Amo-te apenas porque tu és tu.”
Ele dobrou de novo a carta, as palavras dela tinham sido verdade, o já não eram. Não, não o eram para ele. Mas as palavras, aquela inutil folha de papel guardava perfeitamente a essência dela. E ela era única , era dual. Vivia do que sentia, vivia da melodia que o mar lhe cantava ao ouvido, vivia de sensações extremas e da consciência no final da noite. Vivia da tristeza em paralelo com a alegria. Ela vivia da vida que germinava dentro dela, era única. Era dual, tao melancólica e tão carismáticamente alegre.
Ama-a ainda, por isso. Ama-la-à sempre, mesmo quando o amor se esgotar, ama-la-à sempre. Porque ela libertou-se da dor daquelas palavras , resumo de um futuro sem futuro, ao escreve-las. Naquele pedaço de papel respirava o coração dela. Ela tinha um elegante e melódico conceito de arte. Mas ele não. A única arte dele era ela, era o perfume dela, era a essência dela e ela já tinha partdo. Porque ela percebia e vivia da arte e ele vivia numa realidade organizada , fixa e imutável onde não mora a ideia improvavel.
Saturday, June 11, 2011
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite"
Eu já escrevi os tristes versos com a melodia da tua essência, não tenho nenhuma reminiscência tua a não ser uma velha e gasta familiaridade. Tenho gravada na pele, a memória fraca do amor que existiu. E que já não existe.
Tenho a tua memória sem ter a minha, já desenhei a minha tristeza naquelas palavras , veladas por um manto estrelado. Me não culpes se as estrelas so te falarem desse leve e doce amor que existiu e que já morreu. As estrelas só espelham passado e a tua melodia era tudo o que tinha. Disse-te tantas vezes que já era demasiado tarde e que as palavras se gastam, os gestos são queimados pela luz do sol e o amor flui na àgua.
Meu amor, serás de outro, és de outro e não me magoa porque o amor não deixa de ser inutil. Já perdi o ego que te amava, se esse meu eu já não existe, tu nunca exististe. E o amor é inutil. Fica a memória da memória que um dia foi verdade.
Amei-te quando te amei e, amei-te até, quando te não amei. Pouco importa a beleza desse passado, meu amor, pouco importa que me ames ainda , apesar de já me não amares. É inutil, meu amor, é inutil. Esquecer-te-às e serei uma desfocada memória de uma memoria que não existe.
E amo outra ( e amarás outro) , sem nunca te substituir, substitui porque, no passado o amor é irrelevante.
Já escrevi os tristes , melancólicos e arrastados versos naquela noite. Já me causaste essa dor e eu esqueci-me da sensação. Já me esqueci que me tinha esquecido. De ti. Esqueci até o esquecimento.
Meu amor, já escrevi os tristes versos naquela noite. Já me causaste a última dor e, aquela tristeza grave melódica que me envolveu, é uma memória longíqua. Liberta-te de um passado que é inutil. Deixa que o esquecimento corroa a minha memória.
Tenho a tua memória sem ter a minha, já desenhei a minha tristeza naquelas palavras , veladas por um manto estrelado. Me não culpes se as estrelas so te falarem desse leve e doce amor que existiu e que já morreu. As estrelas só espelham passado e a tua melodia era tudo o que tinha. Disse-te tantas vezes que já era demasiado tarde e que as palavras se gastam, os gestos são queimados pela luz do sol e o amor flui na àgua.
Meu amor, serás de outro, és de outro e não me magoa porque o amor não deixa de ser inutil. Já perdi o ego que te amava, se esse meu eu já não existe, tu nunca exististe. E o amor é inutil. Fica a memória da memória que um dia foi verdade.
Amei-te quando te amei e, amei-te até, quando te não amei. Pouco importa a beleza desse passado, meu amor, pouco importa que me ames ainda , apesar de já me não amares. É inutil, meu amor, é inutil. Esquecer-te-às e serei uma desfocada memória de uma memoria que não existe.
E amo outra ( e amarás outro) , sem nunca te substituir, substitui porque, no passado o amor é irrelevante.
Já escrevi os tristes , melancólicos e arrastados versos naquela noite. Já me causaste essa dor e eu esqueci-me da sensação. Já me esqueci que me tinha esquecido. De ti. Esqueci até o esquecimento.
Meu amor, já escrevi os tristes versos naquela noite. Já me causaste a última dor e, aquela tristeza grave melódica que me envolveu, é uma memória longíqua. Liberta-te de um passado que é inutil. Deixa que o esquecimento corroa a minha memória.
Sunday, May 15, 2011
Evolução
Caminhas só. Causaste a tua propria solidão quando decidiste que angulo teria o teu nascimento, escolheste, inocentemente, pertencer a esse lado da luz num tempo cheio de escuridão.
E , amanhã, lá vais tu cumprir o teu ritual de tortura. Agora, nos tempos modernos, eles tornaram-se piedosos e esquivam-se de coleccionar cabeças, não, tentam que a tua essência se dissipe e te mistures num cântico uníssono com eles. Mas o não farás, nunca. Aguardas sempre o dia do sacrificio, aguardas sempre a tua sentença enquanto orientas a tua vida segundo a tua ideia. Enquanto procuras que as tuas simples palavras tenham algum efeito nos inconscientes. Dás o teu melhor para ganhares segundo a tua crença no núcleo do sistema deles.
Caminhas só mas não estás só. Tens em ti a força dos teus Mestres. Tens em ti a força daquilo que crês ser melhor. Tens contigo aqueles que contigo concordam e , que na tua companhia, partilham a tua tortura. E, essa amizade que se instala ,é ornamentada com a mais leal das lealdades. Isso, nunca vao eles perceber e, só por isso, poderás perder a batalha e a tua vida de nada valer mas, eles, que são tantos ficaram reduzidos a menos que pó: porque caminhas só mas carregas em ti a inovaçao.
E , amanhã, lá vais tu cumprir o teu ritual de tortura. Agora, nos tempos modernos, eles tornaram-se piedosos e esquivam-se de coleccionar cabeças, não, tentam que a tua essência se dissipe e te mistures num cântico uníssono com eles. Mas o não farás, nunca. Aguardas sempre o dia do sacrificio, aguardas sempre a tua sentença enquanto orientas a tua vida segundo a tua ideia. Enquanto procuras que as tuas simples palavras tenham algum efeito nos inconscientes. Dás o teu melhor para ganhares segundo a tua crença no núcleo do sistema deles.
Caminhas só mas não estás só. Tens em ti a força dos teus Mestres. Tens em ti a força daquilo que crês ser melhor. Tens contigo aqueles que contigo concordam e , que na tua companhia, partilham a tua tortura. E, essa amizade que se instala ,é ornamentada com a mais leal das lealdades. Isso, nunca vao eles perceber e, só por isso, poderás perder a batalha e a tua vida de nada valer mas, eles, que são tantos ficaram reduzidos a menos que pó: porque caminhas só mas carregas em ti a inovaçao.
Friday, May 06, 2011
Prometeu
Um dia, o teu Mestre já aqui não estará para tentar salvar o teu ego. Porque o Inferno existe em ti e queima-te a originalidade de seres tu se não souberes coexistir com o que descobres no teu reflexo de vidro.
Mas, mas às vezes, não consegues não rejeitar o teu proprio Mestre. Para continuar dignamente vivo, tem uma crua irascíbilidade que se torna crua; não tem compaixão pela mentalidade que é claustrofobica e retrógada, nem quando é um humano choro tão compreensivel que se torna desculpavel. Porque o teu Mestre foi mestre da sua própria essência antes de te tornares seu aprendiz.
Um dia, o teu Mestre desiste de ti. Observa que te defendes e que resistes a grandes e visiveis questões, que és brilhante na crueldade que é facilmente audível. Mas abandonas-te nos pequenos pormenores persuasivos do quotidiano. E o maior perigo respira aí, nas pequenas nuances da rotina que se entranham na tua pele, que consomem a tua individualidade incoscientemente.
Um dia, estarás só numa pequena e quadrada comunidade a viver uma vida artificial, a respirar uma liberdade que não existe porque não há nenhuma marca de individualidade. Porque, o teu Mestre, é sabia e astutamente individual, é senhor de si proprio, é perspicaz e é agil. É conhecedor da essência humana, a dele e a dos outros. Observa as pequenas fraquezas e vence porque acertou nas pequenas fraquezas. Cede a grandes e visiveis questões, mas é ele que controla os pequenos pormenores persuasivos do quotidiano. E, se tu não resistes inconscientemente, das entranhas do teu ser, às pequenas pressões, às pequenas e não audiveis torturas do quotidiano, és apenas fraco e débil porque não tens em ti uma essência matricial que te faz discordar, inatamente, do que não concordas .És impotente na resistência à agressão silenciosa e dissimulada.
Mas, mas às vezes, não consegues não rejeitar o teu proprio Mestre. Para continuar dignamente vivo, tem uma crua irascíbilidade que se torna crua; não tem compaixão pela mentalidade que é claustrofobica e retrógada, nem quando é um humano choro tão compreensivel que se torna desculpavel. Porque o teu Mestre foi mestre da sua própria essência antes de te tornares seu aprendiz.
Um dia, o teu Mestre desiste de ti. Observa que te defendes e que resistes a grandes e visiveis questões, que és brilhante na crueldade que é facilmente audível. Mas abandonas-te nos pequenos pormenores persuasivos do quotidiano. E o maior perigo respira aí, nas pequenas nuances da rotina que se entranham na tua pele, que consomem a tua individualidade incoscientemente.
Um dia, estarás só numa pequena e quadrada comunidade a viver uma vida artificial, a respirar uma liberdade que não existe porque não há nenhuma marca de individualidade. Porque, o teu Mestre, é sabia e astutamente individual, é senhor de si proprio, é perspicaz e é agil. É conhecedor da essência humana, a dele e a dos outros. Observa as pequenas fraquezas e vence porque acertou nas pequenas fraquezas. Cede a grandes e visiveis questões, mas é ele que controla os pequenos pormenores persuasivos do quotidiano. E, se tu não resistes inconscientemente, das entranhas do teu ser, às pequenas pressões, às pequenas e não audiveis torturas do quotidiano, és apenas fraco e débil porque não tens em ti uma essência matricial que te faz discordar, inatamente, do que não concordas .És impotente na resistência à agressão silenciosa e dissimulada.
Friday, April 29, 2011
The severed garden
O dia nasceu cinzento apesar de o Sol iluminar a cidade. O dia nasceu cinzento, irremediavelmente cinzento, tem de existir harmonia entre o ego dele e o resto do mundo. Apesar do calor, apertou o casaco negro contra o peito, o preto era lhe confortavel e não sentia nem frio nem calor, sentia apenas a necessidade de apertar o preto contra o peito. Aquecer o gelo que lhe corria nas veias.
Passou o portão, sempre num passo lento e firme, a tristeza tem às vezes este sorriso. O choro alto e claustrofóbico de uma mulher incomodou-o, havia uma fracçao de uma inocente ignorância na forma como estava desesperada. No choro longo e sofrido, ouvia-se uma falta de espirito, uma observação dele demasiado crua, talvez. Mas ele ouvia essa falta de resistência , essa entrega fraca à morte. E continuou a caminhar, estava à tua procura. A dor dele pertencia-lhe, a não desejava partilhar com o mundo.
Algum tempo depois, encontrou-te. Sentou-se à tua frente, calmo e sereno, o rosto impassivel, impenetravel. Do bolso retiou o maço de tabaco, acendeu um cigarro. Deixou que o fumo fosse na tua direcçao. Uma multidão vestida de negro passou por ele, amaldiçoou-o , gritou-lhe. Não entendiam.
Conversou contigo, fez-te perguntas. Respondeste-lhe nessa tua voz grave e despreocupada. Tu és a única pessoa que não tem uma consciência profunda do que te aconteceu e , ele, percebeu tudo demasiado tarde. Era um destino demasiado triste que tentou evitar como pode. Ignorou esse destino certo teu até que se tornou verdade.
O homem acabou o seu trabalho de alisar a terra. Estava habituado aquele ambiente negro e triste do cemitério, estava habtiuado à dor das familias que deixavam naquele sitio o que restava de uma esperança cruel. O homem trabalhava no cemitério há muitos, muitos anos, mas nunca tinha visto nada como aquilo. Um homem novo, com um casaco negro preso ao peito, sentado à frente de uma terra por preencher a fumar.A ignorar todo o ambiente que o circundava. A indiferença dele era a expressao fisica da dor , uma dor ornamentada com uma dignidade respeitavel. Ele estava bem, estava triste. Nada podia ser feito por ele, a morte é irreversivel. So não compreendia , o pedaço de terra na sua frente , não tinha nenhuma campa.
Algum tempo depois levantou-se. Olhou-te uma ultima vez. Pediu-te desculpa, não ia regressar tao depressa. Tambem ele necessitava da doce solidão. Precisava que a tristeza se ajeitasse, que se tornasse artistica.
Tirou o casaco negro do corpo, começou a sentir o calor a ajeitar-se na pele. Tinha uma bruta consciencia ele, queria dizer-te para aliviar o pensamento que estava preso à mente dele. Que lhe era inato. Por isso é que te disse que preferia que o teu suícidio tivesse sido físico, preferia que tivesses como tecto aquele pedaço de terra. Porque morreste quando deixaste de existir, e, completamente morto estás hoje. Seria mais facil se te pudesse chorar naquele sitio. Seria mais facil ver o corpo inerte do seu irmao ao lado de tantos outros.
Mas escolheste um destino ainda mais triste, a arte da tua tristeza foi ainda mais profunda. Arruinas-te um pedaço do ego dele com essa tua morte.
Passou o portão, sempre num passo lento e firme, a tristeza tem às vezes este sorriso. O choro alto e claustrofóbico de uma mulher incomodou-o, havia uma fracçao de uma inocente ignorância na forma como estava desesperada. No choro longo e sofrido, ouvia-se uma falta de espirito, uma observação dele demasiado crua, talvez. Mas ele ouvia essa falta de resistência , essa entrega fraca à morte. E continuou a caminhar, estava à tua procura. A dor dele pertencia-lhe, a não desejava partilhar com o mundo.
Algum tempo depois, encontrou-te. Sentou-se à tua frente, calmo e sereno, o rosto impassivel, impenetravel. Do bolso retiou o maço de tabaco, acendeu um cigarro. Deixou que o fumo fosse na tua direcçao. Uma multidão vestida de negro passou por ele, amaldiçoou-o , gritou-lhe. Não entendiam.
Conversou contigo, fez-te perguntas. Respondeste-lhe nessa tua voz grave e despreocupada. Tu és a única pessoa que não tem uma consciência profunda do que te aconteceu e , ele, percebeu tudo demasiado tarde. Era um destino demasiado triste que tentou evitar como pode. Ignorou esse destino certo teu até que se tornou verdade.
O homem acabou o seu trabalho de alisar a terra. Estava habituado aquele ambiente negro e triste do cemitério, estava habtiuado à dor das familias que deixavam naquele sitio o que restava de uma esperança cruel. O homem trabalhava no cemitério há muitos, muitos anos, mas nunca tinha visto nada como aquilo. Um homem novo, com um casaco negro preso ao peito, sentado à frente de uma terra por preencher a fumar.A ignorar todo o ambiente que o circundava. A indiferença dele era a expressao fisica da dor , uma dor ornamentada com uma dignidade respeitavel. Ele estava bem, estava triste. Nada podia ser feito por ele, a morte é irreversivel. So não compreendia , o pedaço de terra na sua frente , não tinha nenhuma campa.
Algum tempo depois levantou-se. Olhou-te uma ultima vez. Pediu-te desculpa, não ia regressar tao depressa. Tambem ele necessitava da doce solidão. Precisava que a tristeza se ajeitasse, que se tornasse artistica.
Tirou o casaco negro do corpo, começou a sentir o calor a ajeitar-se na pele. Tinha uma bruta consciencia ele, queria dizer-te para aliviar o pensamento que estava preso à mente dele. Que lhe era inato. Por isso é que te disse que preferia que o teu suícidio tivesse sido físico, preferia que tivesses como tecto aquele pedaço de terra. Porque morreste quando deixaste de existir, e, completamente morto estás hoje. Seria mais facil se te pudesse chorar naquele sitio. Seria mais facil ver o corpo inerte do seu irmao ao lado de tantos outros.
Mas escolheste um destino ainda mais triste, a arte da tua tristeza foi ainda mais profunda. Arruinas-te um pedaço do ego dele com essa tua morte.
Monday, April 25, 2011
Berlim
Havia um encanto diferente naquela cidade, talvez fosse apenas o meu ego à procura de uma textura diferente para o coração. Mas nenhuma me deixou uma melancolia tao embaladora quanto aquela.
A minha mente prende ao peito a memoria para que a cidade nao morra em mim com a sua vida citadina e calma, aquela boemia e pacífica forma de existir. Os edificios destruídos como recordação de uma guerra; os inovadores e novos que foram construídos e que escondem a ruína fantasma de uma época obscura sem a silenciar. Os jardins que eram bosques com as àrvores grandes e tristes. O povo tao diferente do meu, a diferença exibida pela aparencia exterior.
Há um encanto diferente naquela cidade, nenhuma me deixou tanta melancolia. Ajeitava-se perfeitamente ao meu ego, guardava-me um lugar como a minha cidade nunca guardou ( e, agora, depois da minha traição, guarda-me menos que nada). Há uma sincronização uníssona que aínda hoje torna a noite fresca com aroma a uma suave saudade. E, mesmo depois dos outros sitios que os meus olhos memorizaram, é aquela cidade que o ego vê. Sempre.
Porque a diferença estava no meu ego e , numa nao existente feliz coincidência, encontrou naquela cidade tudo o que desejava ser. Aquela cidade é o meu reflexo, o que também desejei ser.
E, agora, a minha essência tem aquelas cores, nenhuma a iguala. Ou atenua a saudade.
Thursday, April 21, 2011
Cores de Paris
Talvez se tenham esgotado as palavras, às tantas ele pintava o seu proprio defice na realidade. Talvez desenhasse tudo o que o nao compreendia e tudo o que ele nao compreendia. Talvez a arte tenha sido uma forma de enquadrar a tristeza na filosofia que sempre acreditou: a arte é inutil, sem proposito, metaforica e bem fundamentada. Garante um certo optimismo por quebrar uma solidão que se instala involuntariamente. Uma solidão que se instala na solidão dele, a solidão que ele tanto ama.
Por isso é que sempre foste o quadro principal. Nunca entendeu o Amor e nunca entendeu o porquê de dissecar o Amor. Nunca te conseguiu questionar o porque de isso te ser tao importante, de lhe sentires a ausencia e a distancia e a indiferença só porque, para ele, o Amor é algo diferente. Sente quando sente. Quando o vento lhe beija a face, quando uma esquina lhe dá saudades da tua mão, quando o alcool e o cigarro nao compensam a tua companhia.
Talvez por isso se tenham esgotado as palavras. Já se cansou de se tentar perceber para te explicar o que é ele. Ele é ele. E o Amor dele é a imagem de como existe no mund. Por isso é que sempre o inspiraste e ele nunca pintou nada exactamente sobre ti. Nunca entendeu o Amor, nunca o quis entender. Ama-te como te ama. Sente-te a falta quando lhe fazes falta. Ama-te por nunca conseguir desenhar a beleza que a tua essência tem para ele. Porque nunca compreendeu o amor, ama-te. Talvez, talvez por isso, devesses compreender que tambem nao entendes o Amor.
Talvez por isso te consoles na Arte. É quando o descobres. É quando te descobres. É o que tem em comum. Esse apego estranho à arte.
Tuesday, April 12, 2011
Amizade
O mundo é um lugar curioso, tem uns ironicos contrastes. Ser melhor que esta realidade claustrofobica e circundante é quase tao dificil quanto é viver. E já me tinha esquecido da sensação que é a consciência bruta de quando o vento murmura, fria e violentamente, que viver implica mais que ir existindo de mansinho. É mais do que ir tendo picos de uma excêntrica felicidade e momentos de entrega à profunda e azul tristeza. Tinha-me esquecido que concordo contigo. Esqueci-me das marcas que tinha por não ser igual não sendo, abertamente, diferente. A minha igualdade deixou-me ir existindo e deixou-me, em momentos conscientes sóbrios, um sabor àspero na boca. Tornou a morte e a brutalidade que a resistência a uma igualdade barata, inutil que cicatrizam no espirito, um mísero e suportavel sofrimento. O mundo é um lugar curioso, tem uns ironicos contrastes. Ser melhor que esta realidade claustrofobica e circundante , é algo que fazes tao naturalmente como se fosse fácil. O que fizeste com o teu passado define o brilhante angulo do teu sorriso. E tens essa despreocupada forma de viver relaxa e responsavelmente. Tens essa intrinseca vontade de viver. E tens essa resistencia inata de quem crê honestamente no que faz. Por isso é que vives tao forte e honestamente como se fosse fácil.E já me tinha esquecido da aromática sensação que é de quando o vento nos beija o rosto e arrefece o espirito. Porque o que fui não limita o que serei, apenas queima algumas realidades paralelas que não se habtituariam ao meu ego. Já me tinha esquecido desse sublime prazer que é resistir. O mundo é um lugar elástico, tem a forma que impuseres que tenha. Porque quando se é livre, é se inteiramente original. E já me tinha esquecido do prazer que é defender o ideal e , quase idolatrar, estas cicatrizes que moram em quem discorda. Ate te encontrar e ver a forma despreocupada e natural com que lidas com a tua marca. É tua, define-te. Mas jamais te limita. E lembrei-me que existia de mansinho em vez de viver enquanto tu eras tu. Apenas tu. Melhor que toda esta circundante claustrofobica, banal e patetica realidade.
Thursday, March 24, 2011
Rosa Perdida
O lugar vazio de um sítio que nem sabias que era importante, porque às tantas és melhor do que esperavas ser. O mundo tem esse impacto em ti, dá-te o sonho e o sabor do sangue.
Mas o Amor é mesmo o melhor que existe na essência Humana. E depois de tantos dias compridos e cheios de uma massiva tristeza, os esverdeados olhos esperam-te num abraço que só te cura as feridas se for o abraço dela. O precipicio de onde so saltas se aqueles braços te segurarem o folego. Porque há sensações pelas quais vale sempre a pena morrer, morrias para sentir os teus dedos entrelaçados nas manchas sedosas do cabelo. O sentimento de paz que te surge quando a silhueta se destaca da multidão e tu a identificas. Por mais densa que fosse a multidão, identificarias aquela silhueta em qualquer momento.
O lugar vazio de um sitio que nem te apercebeste que se colava ao teu coração enquanto quebrava a dureza do teu ego. E acabas por te encontrar no espelho com uma consciência mais fina. És melhor do que sempre julgaste que eras, melhor do que o melhor que desejaste ser. Porque o Amor é esse sopro de final de tarde Verão quente , enquanto as tuas mão memorizam a essência do mar.
Mas o Amor é mesmo o melhor que existe na essência Humana. E depois de tantos dias compridos e cheios de uma massiva tristeza, os esverdeados olhos esperam-te num abraço que só te cura as feridas se for o abraço dela. O precipicio de onde so saltas se aqueles braços te segurarem o folego. Porque há sensações pelas quais vale sempre a pena morrer, morrias para sentir os teus dedos entrelaçados nas manchas sedosas do cabelo. O sentimento de paz que te surge quando a silhueta se destaca da multidão e tu a identificas. Por mais densa que fosse a multidão, identificarias aquela silhueta em qualquer momento.
O lugar vazio de um sitio que nem te apercebeste que se colava ao teu coração enquanto quebrava a dureza do teu ego. E acabas por te encontrar no espelho com uma consciência mais fina. És melhor do que sempre julgaste que eras, melhor do que o melhor que desejaste ser. Porque o Amor é esse sopro de final de tarde Verão quente , enquanto as tuas mão memorizam a essência do mar.
Amachucou o papel na mão. Que importava? Enconstou para trás a cabeça e acariciou a longa barba branca. O lugar vazio de um sitio que nunca se apercebeu que játinha sido queimado há muito tempo, há quase tanto tempo como aquelas doces palavras que lhe voaram do peito para ela. Antes de ela nao querer saber , nao entender o valor. Antes de ela querer comparar o amor que ele lhe tinha com a vida ordenada e banal que sempre desejou a seguir ao seu típico celestial e aborrecido casamento.
Amachucou o papel e levantou-se. Depois de terem passados tantos anos, a dor era igual. Atenuou mas continuava latejante. Nao lhe doia que ela o tivesse deixado. O que lhe doia, desde aquele dia até hoje, era ele te-la amado.
Saturday, March 12, 2011
Desprezo
O som do meu riso ocupa, quase involuntariamente, esta sala quadrada que me dissipa a raiva que se vai misturando com o sangue, colando ao ego. Porque, no final, meu amigo, so me apetece olhar-te, ver quem és. E rir-me. É involuntario, acalento no meu espítito a ideia firme de que és uma vergonha ate para esta triste sociedade; és um atraso ate para quem já morreu neste tempo cinzento.
Oh! Não comprimas os músculos como se a tua dor fosse imensa, uma dor nunca é patética e sempre me orgulhei de não ser cruel. A dor, para ti, é quando rejeitam a oportunidade superficial e estúpida de preencheres o vazio que esse complexo de existencia deixou na tua essência. É que, meu amigo, nem sequer és cruel. Ou perspicaz. Ou movido por algo que imponha qualquer tipo de respeito, não é tudo tao pouco que , sinceramente, oiço o meu proprio riso onde julgava viver um consentido desprezo.
Ah! Outra vez, o teu eterno e ruidoso sentimento. Honestamente, deixas-me saudade da cruel e fria forma perspicaz como esta sociedade , as vezes, aniquila ideais e esventra egos demasiado bonitos para poderem viver aqui. Porque? Ah é tao simples, eles ao menos evocam respeito pela forma inteligente como se movem numa massa cinzenta baça abstracta a que se chama multidão. Ao menos eles puxam a evolução à força de a negarem. Tu puxas nada, reclamas nada. Sofres nada. Vales nada.
Por isso, meu amigo, meu inutil e oco amigo, ironicamente oiço-me a rir abertamente da tua patetica existencia. Após aquela irritação , so vejo um palhaço triste a continuar o seu patetico e feio espectaculo quando o publico já o rejeitou e já abandonou a sala.
Oh! Não comprimas os músculos como se a tua dor fosse imensa, uma dor nunca é patética e sempre me orgulhei de não ser cruel. A dor, para ti, é quando rejeitam a oportunidade superficial e estúpida de preencheres o vazio que esse complexo de existencia deixou na tua essência. É que, meu amigo, nem sequer és cruel. Ou perspicaz. Ou movido por algo que imponha qualquer tipo de respeito, não é tudo tao pouco que , sinceramente, oiço o meu proprio riso onde julgava viver um consentido desprezo.
Ah! Outra vez, o teu eterno e ruidoso sentimento. Honestamente, deixas-me saudade da cruel e fria forma perspicaz como esta sociedade , as vezes, aniquila ideais e esventra egos demasiado bonitos para poderem viver aqui. Porque? Ah é tao simples, eles ao menos evocam respeito pela forma inteligente como se movem numa massa cinzenta baça abstracta a que se chama multidão. Ao menos eles puxam a evolução à força de a negarem. Tu puxas nada, reclamas nada. Sofres nada. Vales nada.
Por isso, meu amigo, meu inutil e oco amigo, ironicamente oiço-me a rir abertamente da tua patetica existencia. Após aquela irritação , so vejo um palhaço triste a continuar o seu patetico e feio espectaculo quando o publico já o rejeitou e já abandonou a sala.
Friday, February 25, 2011
Arte
Uma certa paz invade-me as vezes. Sinto uma enorme vontade de deixar o Sol entrar pela janela e aquecer a minha essência. Porque quando todos entregaram a Deus os seus sofrimentos eu alonguei o meu coraçao na arte. E a arte tornou-se no meu único Deus, a única forma de não praticar ateismo. Ou obter das entrelinhas da minha existencia um argumento filosofico agnostico.
A arte, sob qualquer sensação, é a minha religião. Desde a arte do heroi que libertou um país pela sua bélica crença na liberdade ( que lhe custou apenas a mortal vida) à forma como , de vez a vez, a tua voz me aconchega os pesadelos e os tornam irreais. Ou aquele quadro onde revejo, egoistamente, uma parte do meu ego que nunca lá esteve sem deixar de, efectivamente, estar lá ou o não veria.
A Arte é o meu único Deus. É o Sol que entra pela minha janela e torna o espirito leve. É a minha única religiao. E sou feliz com ela quando a tristeza , que chega sempre, nada pode contra este Sol quente e radioso. E estou em paz. É tudo o que importa. Tambem eu tenho um paraíso e um inferno, não são iguais aos teus mas não são menos verídicos ou válidos.
A arte, sob qualquer sensação, é a minha religião. Desde a arte do heroi que libertou um país pela sua bélica crença na liberdade ( que lhe custou apenas a mortal vida) à forma como , de vez a vez, a tua voz me aconchega os pesadelos e os tornam irreais. Ou aquele quadro onde revejo, egoistamente, uma parte do meu ego que nunca lá esteve sem deixar de, efectivamente, estar lá ou o não veria.
A Arte é o meu único Deus. É o Sol que entra pela minha janela e torna o espirito leve. É a minha única religiao. E sou feliz com ela quando a tristeza , que chega sempre, nada pode contra este Sol quente e radioso. E estou em paz. É tudo o que importa. Tambem eu tenho um paraíso e um inferno, não são iguais aos teus mas não são menos verídicos ou válidos.
Tuesday, February 15, 2011
O Novo Aquiles
Quando sentires o doloroso e alongado chacinar da tua essência, será já tarde. Quando sentires o estalo cru dos teus ossos. Já é tarde.
Ah! Não vês? Ele herdou a força e a magnificiência de Aquiles mas a consciência da fragilidade do calcanhar oferece-lhe um destino diferente. E torna-se ainda melhor e maior ao reconhecer em quem não se quer tornar. Não quer ter qualquer semelhança contigo.
Por isso, nada podes tu contra ele, contra alguem como ele. Nada ganhas ao tentar vencer a suave e fria perspicácia dele. Diverte-te agora, enquantojulgas que podes. Enquanto a consciencia bruta de que és nada e miserável não está definida no teu corroído espirito, julgas que podes tentar humilhar um teu semelhante. A tua aguda e estridente ignoranância transforma-te nesse triste ser que não sabe viver.
A tua patética ignorância te não deixa ver que ele é um Aquiles renovado depois de lhe teres esmagado o calcanhar. Tornou-se ainda mais bélico e mais estratego, quando desejar entrar na guerra vence-a. Facilmente.
Quando ouvires o som dos teus ossos estalarem, quando sentires todos os teus musculos rasgados como papel, será tarde. Não devias ter tentado esmagar-lhe o espirito. Entende, ele é o novo Aquiles, ao proteger o calcanhar tornou-se invencível. Enquanto tu és apenas mais um triste e decadente mortal que se gasta em cobardias porque, quando te olhas ao espelho, tens essa inegavel certeza de que és pouco, de que és miserável. De que nada vales.
Ele é Aquiles, ao proteger o calcanhar tornou-se invencivel. Que podes tu contra alguem como ele? Diverte-te na tua ignorancia enquanto julgas que és Rei. Rei de Nada porque é isso que és.
Ah! Não vês? Ele herdou a força e a magnificiência de Aquiles mas a consciência da fragilidade do calcanhar oferece-lhe um destino diferente. E torna-se ainda melhor e maior ao reconhecer em quem não se quer tornar. Não quer ter qualquer semelhança contigo.
Por isso, nada podes tu contra ele, contra alguem como ele. Nada ganhas ao tentar vencer a suave e fria perspicácia dele. Diverte-te agora, enquantojulgas que podes. Enquanto a consciencia bruta de que és nada e miserável não está definida no teu corroído espirito, julgas que podes tentar humilhar um teu semelhante. A tua aguda e estridente ignoranância transforma-te nesse triste ser que não sabe viver.
A tua patética ignorância te não deixa ver que ele é um Aquiles renovado depois de lhe teres esmagado o calcanhar. Tornou-se ainda mais bélico e mais estratego, quando desejar entrar na guerra vence-a. Facilmente.
Quando ouvires o som dos teus ossos estalarem, quando sentires todos os teus musculos rasgados como papel, será tarde. Não devias ter tentado esmagar-lhe o espirito. Entende, ele é o novo Aquiles, ao proteger o calcanhar tornou-se invencível. Enquanto tu és apenas mais um triste e decadente mortal que se gasta em cobardias porque, quando te olhas ao espelho, tens essa inegavel certeza de que és pouco, de que és miserável. De que nada vales.
Ele é Aquiles, ao proteger o calcanhar tornou-se invencivel. Que podes tu contra alguem como ele? Diverte-te na tua ignorancia enquanto julgas que és Rei. Rei de Nada porque é isso que és.
Sunday, February 06, 2011
Orion
Meu amigo, todos nós somos miseráveis e existem apenas dois tipos de pessoas. As que reconhecem a sua miséria e que acabam por ser melhores e maiores que a desgraça que as define. E existem as outras, que nem sequer consciência da miséria que são têm e vivem nessa arrogante ignorância ilusória de que a existência deles é melhor e mais saudavel do que a dos outros.
Como vês, meu amigo, existem dois tipos de pessoas. As que são pessoas e as que fingem que são pessoas na esperança de serem recompensadas por serem mesquinhas e pequenas. Por serem rídiculas. E patéticas. E burras. E, indefinidamente, cómicas.
Mas, meu amigo, a tua miséria sempre foi um melódico e triste desconcertar interior. E a miséria que sou é o que tu foste, talvez a tenha herdado de ti. Talvez tenha isso como legado teu, essa triste de tão melancolicamente verídica, visao objectiva e abstracta do mundo.
Porém, posso dizer-te onde duramente erraste contigo. Porque, por mais miseravel que fosses, meu amigo, existe sempre Orion que te vela e te afaga o sono. Existe sempre a Orion, a estrela que reflecte a tua grave e melodica tristeza para não seres apenas a miséria que és. Existe sempre a Orion que, ao te nunca deixar só, evoca uma esperança bélica e te torna naquilo que fizeste com a miséria que tens consciencia de ser.
Porque somos todos miseraveis , meu amigo. Alguns , simplesmente, tornam-se em algo melhor do que isso. Entregam a pureza de um ideal de ego à Orion. Porque “estamos todos na lama, mas alguns conseguem ver as estrelas”.
Como vês, meu amigo, existem dois tipos de pessoas. As que são pessoas e as que fingem que são pessoas na esperança de serem recompensadas por serem mesquinhas e pequenas. Por serem rídiculas. E patéticas. E burras. E, indefinidamente, cómicas.
Mas, meu amigo, a tua miséria sempre foi um melódico e triste desconcertar interior. E a miséria que sou é o que tu foste, talvez a tenha herdado de ti. Talvez tenha isso como legado teu, essa triste de tão melancolicamente verídica, visao objectiva e abstracta do mundo.
Porém, posso dizer-te onde duramente erraste contigo. Porque, por mais miseravel que fosses, meu amigo, existe sempre Orion que te vela e te afaga o sono. Existe sempre a Orion, a estrela que reflecte a tua grave e melodica tristeza para não seres apenas a miséria que és. Existe sempre a Orion que, ao te nunca deixar só, evoca uma esperança bélica e te torna naquilo que fizeste com a miséria que tens consciencia de ser.
Porque somos todos miseraveis , meu amigo. Alguns , simplesmente, tornam-se em algo melhor do que isso. Entregam a pureza de um ideal de ego à Orion. Porque “estamos todos na lama, mas alguns conseguem ver as estrelas”.
Tuesday, February 01, 2011
Deslize
Eles tinham isso em comum, um amor excêntrico e aberto pela música. E, para eles, a música era o ponto máximo da existência de Deus sem se preocuparem se Ele existe ou não. A música era a beleza máxima de uma vida epicurista, era a Orion numa noite fresca de Verão, era um por-de-sol numa tarde quente. A música era a cor do espirito, o que os mantinha vivos. O que os mantinha juntos. O Amor pela música alongou-se , alcançou a verdadeira essência Humana. E a música é amor, é arte, é a sombra da solidão que os nunca deixava sós.
Mas so tinham isso em comum, o amor excêntrico e desmedido pela música. E, algures, ela trocou a música por algo mais futil sem, nunca no entanto, deixar de exibir esse aberto e azul amor pela música. E ele deixou de a amar, a música era a vida dele. A música era ele. Não tinham nada mais em comum. Eram opostos. O amor que lhe tinha perdeu o fundamento.
Mas so tinham isso em comum, o amor excêntrico e desmedido pela música. E, algures, ela trocou a música por algo mais futil sem, nunca no entanto, deixar de exibir esse aberto e azul amor pela música. E ele deixou de a amar, a música era a vida dele. A música era ele. Não tinham nada mais em comum. Eram opostos. O amor que lhe tinha perdeu o fundamento.
Monday, January 31, 2011
Ciclo
O Amor obriga-o a ser o que ele gostava de ser e ele gosta de ser só ele. O Amor obriga-o a cumprir esse papel até que esse papel que ele cumpre se torne real e ele seja isso. O Amor fá-lo alcançar esse ponto em que a ilusão se torna válida.
Mas ele gosta de ser só ele. Em alguns dias, gosta de ser apenas ele. E o Amor que tem pelo seu proprio ego fá-lo ser ele.Inteiramente e apenas ele. Esse mesmo ele, que harmoniza o Amor no teu peito. E cumpres esse papel até que se torne real, até que ele creia nesse eu que representas todos os dias. Até que essa imagem, essa permanente actuação se torne real. E tu sejas quem julgas que és. E tu te tornes em quem queres ser.
Mas ele gosta de ser só ele. Em alguns dias, gosta de ser apenas ele. E o Amor que tem pelo seu proprio ego fá-lo ser ele.Inteiramente e apenas ele. Esse mesmo ele, que harmoniza o Amor no teu peito. E cumpres esse papel até que se torne real, até que ele creia nesse eu que representas todos os dias. Até que essa imagem, essa permanente actuação se torne real. E tu sejas quem julgas que és. E tu te tornes em quem queres ser.
A Crença II
Sempre o silêncio como sombra claustrofobica de palavras mortas que alcançaram o futuro. E a crença de que um amanha melhor chegará num destes dias. Mas o teu Mestre está morto.
Entregas-te a pequenos prazeres, a tua fé já foi esventrada. Trocaste a esperança por um ego de aço. Trocaram-te a fé pela procura da credibilidade do ideal que te move. Porque o teu mestre está morto.
O teu rosto guarda as cicatrizes de todas as vezes que venceste. Não estarias aqui se não tivesses, habilidosamente, sobrevivido. Tornaste-te melhor porque venceste o teu próprio medo. Mas o teu mestre morreu, o medo , mesmo na sua cristalina utilidade, não desgraça tanto como a dor.
E assassinaste Deus antes de Ele existir, toda a plenitude de existencia que tens , pertence-te. Mas o teu mestre morreu. Em ti. E, agora, todas as palavras estão mortas porque perdeste a crença.
Entregas-te a pequenos prazeres, a tua fé já foi esventrada. Trocaste a esperança por um ego de aço. Trocaram-te a fé pela procura da credibilidade do ideal que te move. Porque o teu mestre está morto.
O teu rosto guarda as cicatrizes de todas as vezes que venceste. Não estarias aqui se não tivesses, habilidosamente, sobrevivido. Tornaste-te melhor porque venceste o teu próprio medo. Mas o teu mestre morreu, o medo , mesmo na sua cristalina utilidade, não desgraça tanto como a dor.
E assassinaste Deus antes de Ele existir, toda a plenitude de existencia que tens , pertence-te. Mas o teu mestre morreu. Em ti. E, agora, todas as palavras estão mortas porque perdeste a crença.
Friday, January 28, 2011
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite"
Escreverei os versos mais tristes esta noite. Meu amor, o mundo é triste e a felicidade não deixa de ser uma disciplinada forma de viver. O ínicio guarda o mistério de não conseguires adivinhar o fim. Esgotámo-nos. Esgotámos as expectativas de um novo mundo que nunca chegou.
Escreverei os versos mais tristes esta noite. Meu amor, as estrelas não se comovem com a dor humana porque, quando a veem, outra diferente desgraça já se instalou. E outra aquecer-se-à nos meus braços assim como tu te aqueceràs nos braços de outro. Meu amor, esgotámo-nos. É inutil. Amei-te e, em momentos de cristalina existencia, amaste-me. E , agora, tudo é irrelevante porque se esgotou o Amor. Amaste-me e, em dourados segundos, amei-te. Amei-te até quando te não amei. Amo-te aínda, enquanto me esqueço. Amo-te ainda, enquanto o fim se instala e o passado se torna numa pequena e longíqua memória.
Escrevi os versos mais tristes esta noite. Meu amor, a ilusão tem a sua metade de verdade. Mas o Amor esgotou-se. E a estrela so te pode indicar o Norte se te quiseres perder. Porque o que foi passado tem a sua metade de inutil. Meu amor, recordo quem és mas já não reconheço a tua essência. Escrevi os versos mais tristes esta noite, o esquecimento nunca tem a sua metade de quente. Esgotámo-nos. Esgotei-me em todos os versos que escrevi. Esgotámo-nos.
Escreverei os versos mais tristes esta noite. Meu amor, as estrelas não se comovem com a dor humana porque, quando a veem, outra diferente desgraça já se instalou. E outra aquecer-se-à nos meus braços assim como tu te aqueceràs nos braços de outro. Meu amor, esgotámo-nos. É inutil. Amei-te e, em momentos de cristalina existencia, amaste-me. E , agora, tudo é irrelevante porque se esgotou o Amor. Amaste-me e, em dourados segundos, amei-te. Amei-te até quando te não amei. Amo-te aínda, enquanto me esqueço. Amo-te ainda, enquanto o fim se instala e o passado se torna numa pequena e longíqua memória.
Escrevi os versos mais tristes esta noite. Meu amor, a ilusão tem a sua metade de verdade. Mas o Amor esgotou-se. E a estrela so te pode indicar o Norte se te quiseres perder. Porque o que foi passado tem a sua metade de inutil. Meu amor, recordo quem és mas já não reconheço a tua essência. Escrevi os versos mais tristes esta noite, o esquecimento nunca tem a sua metade de quente. Esgotámo-nos. Esgotei-me em todos os versos que escrevi. Esgotámo-nos.
Orfeu Envelheceu
Orfeu envelheceu. Entregou-se a um outro tipo de morte e a tristeza calcificou-lhe a essência. Orfeu envelheceu e nos fundos traços de uma existencia quase imortal lêm-se as entrelinhas de um amor que lhe arruinou a crença. Que o deixou vivo depois da morte ter ido ao seu encontro.
Orfeu envelheceu. Guarda aínda no peito o inconfundível perfume de Eurídice. Da sua Eurídice, ama-a quando a relembra. Ama-a só quando a ama, a não pode amar quando não a ama. Orfeu envelheceu, esqueceu o que era o amor , guardou apenas a memória do que era aquela vida. Orfeu envelheceu mas o mundo continua jovem.
Talvez não fosse Eurídice, talvez Orfeu tenha entregue a melodia única da sua lira à Eurídice que não era Eurídice. Mas está envelhecido, Orfeu. Ama-a ainda quando a relembra. A não pode amar quando a não ama porque o fogo congelou-lhe o coraçao. Orfeu envelheceu.
Sempre foi a Eurídice errada. E Orfeu está velho. A morte abraçou-o e deixou-o vivo para contemplar a o fim da sua harmoniosa essência todos os dias.
Orfeu envelheceu, era a Eurídice errada. Mas, de alguma forma, foi a sua Eurídice. Ele sempre foi Orfeu. Era a Eurídice errada mas era a sua Eurídice.
Orfeu envelheceu. Guarda aínda no peito o inconfundível perfume de Eurídice. Da sua Eurídice, ama-a quando a relembra. Ama-a só quando a ama, a não pode amar quando não a ama. Orfeu envelheceu, esqueceu o que era o amor , guardou apenas a memória do que era aquela vida. Orfeu envelheceu mas o mundo continua jovem.
Talvez não fosse Eurídice, talvez Orfeu tenha entregue a melodia única da sua lira à Eurídice que não era Eurídice. Mas está envelhecido, Orfeu. Ama-a ainda quando a relembra. A não pode amar quando a não ama porque o fogo congelou-lhe o coraçao. Orfeu envelheceu.
Sempre foi a Eurídice errada. E Orfeu está velho. A morte abraçou-o e deixou-o vivo para contemplar a o fim da sua harmoniosa essência todos os dias.
Orfeu envelheceu, era a Eurídice errada. Mas, de alguma forma, foi a sua Eurídice. Ele sempre foi Orfeu. Era a Eurídice errada mas era a sua Eurídice.
Wednesday, January 19, 2011
Incomodo
É um incomodo que lhe não sai da pele. Porque, quando o caos se apodera , a tua imagem reconforta-o. E ele sente-te a falta e deseja o teu abraço.
Mas tu és um eu morto. E ele é um eu morto, o eu dele que te amou. Morreu.
Quando uma qualquer desilusão se abate sobre o ego dele, sente-te a falta. Foste o único ser que nunca o compreendeu. Amaste-o sem o compreender.
É um incomodo que lhe não sai da pele. Só tu o conheces o suficiente para reconheceres as suaves extravagancias dele ou o momento em que o coraçao dele se despedaçou. E, tu. Tu nunca o compreendeste.
É um incomodo que lhe não sai do espirito. “Roubou todas as rosas dos jardins e chegou ao pe de ti de maos vazias”. E esse romance que não conseguiu singrar reflecte demasiado bem o que ele é.
É um incomodo corrosivo que lhe não sai da pele. Este amor que ainda te tem sem te dedicar amor algum.
Mas tu és um eu morto. E ele é um eu morto, o eu dele que te amou. Morreu.
Quando uma qualquer desilusão se abate sobre o ego dele, sente-te a falta. Foste o único ser que nunca o compreendeu. Amaste-o sem o compreender.
É um incomodo que lhe não sai da pele. Só tu o conheces o suficiente para reconheceres as suaves extravagancias dele ou o momento em que o coraçao dele se despedaçou. E, tu. Tu nunca o compreendeste.
É um incomodo que lhe não sai do espirito. “Roubou todas as rosas dos jardins e chegou ao pe de ti de maos vazias”. E esse romance que não conseguiu singrar reflecte demasiado bem o que ele é.
É um incomodo corrosivo que lhe não sai da pele. Este amor que ainda te tem sem te dedicar amor algum.
Tuesday, January 18, 2011
Carta de Homícidio
Sinceramente, é uma parte brilhante do meu ego da qual há muito deixei de me orgulhar. A minha perspicácia tornou-se numa meia hipocrisia incisiva. E sempre preferi viver o suficiente para ver a ideologia que desprezo perder-se no tempo por ser demasiado medíocre. Sem pre tive essa mordaz cobardia em nome de uma calma e tranquila vingança crua que nunca era executada pela minha mão.
E, às vezes, é preciso sujar as mãos com sangue alheio para se ganhar o direito de viver com calma. A violência gera um ciclo de violência que uma paz utópica nunca atenua. E, não, não me consigo vanglorizar por ter unido a minha relutante sombria honestidade com um ideal que não singra aqui.
Porque o meu erro é culpa inteira vossa. É um clima de competição que a vossa mediocridade gera. O meu sangue está guardado porque sempre foi limpo, o que me misturei com voces foi uma fria estrategia . A minha triste ironia é tao concisa que a tomam como elogio. E o meu cru divertimento vive na forma como são tao facilmente enganados.
Não, não tenho um especial orgulho na minha brilhante estrategia de existir, conhecer-vos e manipular-vos. Mas , às tantas, nasce uma vontade calculista de derramar sangue e eu perdoo-me do meu proprio pecado. O erro sempre foi vosso. A minha brilhante forma de vos manipular faz com que a responsabilidade da vossa torturosa morte seja inteiramente vossa.
E, às vezes, é preciso sujar as mãos com sangue alheio para se ganhar o direito de viver com calma. A violência gera um ciclo de violência que uma paz utópica nunca atenua. E, não, não me consigo vanglorizar por ter unido a minha relutante sombria honestidade com um ideal que não singra aqui.
Porque o meu erro é culpa inteira vossa. É um clima de competição que a vossa mediocridade gera. O meu sangue está guardado porque sempre foi limpo, o que me misturei com voces foi uma fria estrategia . A minha triste ironia é tao concisa que a tomam como elogio. E o meu cru divertimento vive na forma como são tao facilmente enganados.
Não, não tenho um especial orgulho na minha brilhante estrategia de existir, conhecer-vos e manipular-vos. Mas , às tantas, nasce uma vontade calculista de derramar sangue e eu perdoo-me do meu proprio pecado. O erro sempre foi vosso. A minha brilhante forma de vos manipular faz com que a responsabilidade da vossa torturosa morte seja inteiramente vossa.
Monday, January 17, 2011
Last Kiss II
O meu amor morreu. Numa noite tranquila e pacata, cheia de linhas que desenhavam novos horizontes. O meu amor morreu na noite mais estrelada desse Verão.
Agarrei o meu amor até se despedir de mim, até me despedir de mim. Abracei o meu amor até a sua essência se confunfir com a minha pele. E senti o beijo doce de quem sabe que vai morrer. E o meu amor morreu nessa noite, nessa noite em que a lua iluminava tanto como o Sol. Agarrei o meu amor de perto, agarrei o meu amor até o luar desaparecer eternamente da sua essência. Da essência do meu amor.
Agarrei o meu amor até que o inevitável congelasse a minha consciência. O meu amor morreu nessa noite, na noite mais estrelada desse Verão, na noite em que as estrelas desenhavam um horizonte longíquo de uma vida que nunca se concretizou.
O meu amor morreu nessa noite. Na noite em que até a Lua se esgotou e a essência do meu amor entregou-se ao negro e eterno silêncio do vazio.
O meu amor morreu. Morreu nessa noite, nessa fresca , aromática e típica noite de Verão. E, quando vejo, o meu amor moribundo numa qualquer rua. Lembro-me. Lembro-me daquela infindável e suavemente perfeita noite de Verão em que o meu amor morreu.
Agarrei o meu amor até se despedir de mim, até me despedir de mim. Abracei o meu amor até a sua essência se confunfir com a minha pele. E senti o beijo doce de quem sabe que vai morrer. E o meu amor morreu nessa noite, nessa noite em que a lua iluminava tanto como o Sol. Agarrei o meu amor de perto, agarrei o meu amor até o luar desaparecer eternamente da sua essência. Da essência do meu amor.
Agarrei o meu amor até que o inevitável congelasse a minha consciência. O meu amor morreu nessa noite, na noite mais estrelada desse Verão, na noite em que as estrelas desenhavam um horizonte longíquo de uma vida que nunca se concretizou.
O meu amor morreu nessa noite. Na noite em que até a Lua se esgotou e a essência do meu amor entregou-se ao negro e eterno silêncio do vazio.
O meu amor morreu. Morreu nessa noite, nessa fresca , aromática e típica noite de Verão. E, quando vejo, o meu amor moribundo numa qualquer rua. Lembro-me. Lembro-me daquela infindável e suavemente perfeita noite de Verão em que o meu amor morreu.
Monday, January 10, 2011
Pain in the heart
A vida é simples. E às vezes o amor é linear. Tu é que tens os olhos iluminados com outra cor, tu é que nunca viste a simplicidade de uma existência pacífica e essa visão nunca se tornou válida. Foi por isso que a amaste e foi por isso que a não amas já. A simplicidade dela desenhou o inicio e o fim do teu amor. A vida nunca foi simples para ti, o amor teve sempre o peso da filosofia. A essência humana justifica tudo sem explicar nada. A simplicidade dela fazia-te ver uma outra realidade mais suave e mais bonita. Mas ela tornava tudo demasiado fácil. E a tua vida nunca foi fácil. Ou linear. O teu ego era filosofico ninguem se importou alguma vez com a melodia que orientava o teu coraçao. E deixaste de o ter em parte. Tornaste a tua mente equilibrada. Existencialista. Livre.
E não há nada de simplista no conceito de liberdade. Ela sempre foi simples, nunca foi livre. Amaste-a , mas os teus olhos sempre foram de uma outra cor. A da liberdade. E nunca foi uma escolha tua. Nunca foi linear, a tua forma de demonstrares que estas vivo.
E não há nada de simplista no conceito de liberdade. Ela sempre foi simples, nunca foi livre. Amaste-a , mas os teus olhos sempre foram de uma outra cor. A da liberdade. E nunca foi uma escolha tua. Nunca foi linear, a tua forma de demonstrares que estas vivo.
Monday, January 03, 2011
Movimento Anti-Regras
Que azáfama com as regras! Vais acabar por premiar quem as souber quebrar com originalidade. Mas quem as não cumpre recebe a tua penalização, nunca tiveste esse espirito criativo que te permitia ser um Ícaro que venceu o Sol porque era espontaneo, as convenções normalmente são nocivas .
E eu vou continuar a ignorar as regras literárias das vírgulas e as palavras sem acentos continuam a ser perceptíveis. É o conteúdo que importa, o resto não deixa de ser ornamentação. Se compreendes o que escrevo, entao o resto é ornamentação.
Que azafama com regras que so ficam para a historia porque serão quebradas! Penaliza-me o que quiseres. Nada tem haver com as incorrecçoes com que escrevo, tem a ver com os mestres que sigo. Todos eles muito maiores que tu, cumpridor cego de regras obtusas.Ao contrário dos meus mestres que inventaram novas regras à força de as quebrarem por serem vazias.
E eu vou continuar a ignorar as regras literárias das vírgulas e as palavras sem acentos continuam a ser perceptíveis. É o conteúdo que importa, o resto não deixa de ser ornamentação. Se compreendes o que escrevo, entao o resto é ornamentação.
Que azafama com regras que so ficam para a historia porque serão quebradas! Penaliza-me o que quiseres. Nada tem haver com as incorrecçoes com que escrevo, tem a ver com os mestres que sigo. Todos eles muito maiores que tu, cumpridor cego de regras obtusas.Ao contrário dos meus mestres que inventaram novas regras à força de as quebrarem por serem vazias.
Sunday, January 02, 2011
O Amor
Disseram-lhe que o amor era isto. Uma forma bonita de coexistir com uma morte permanente.Mas so recorda os traços do teu rosto quando a morte lhe aconchega o sono.
Talvez tenham razao. E o amor seja so uma metáfora que mantem o espirito faminto por uma nova sensação. Mas é irrelevante, a pele dele memorizou a essencia do teu sorriso. E, quando uma qualquer consciencia dolorosa e humanamente avassaladora lhe atravessa o peito, lembra-se que te sente a falta e uma dor pacifica instala-se.
Talvez o amor seja so uma forma diferente de se entregar o coraçao a uma morte que se alonga no tempo. Mas, quando adormece, a tua memoria protege-o de pesadelos reais e ele perde o medo de morrer. Porque, se morrer, é de uma forma melodicamente bonita.
Talvez tenham razao. E o amor seja so uma metáfora que mantem o espirito faminto por uma nova sensação. Mas é irrelevante, a pele dele memorizou a essencia do teu sorriso. E, quando uma qualquer consciencia dolorosa e humanamente avassaladora lhe atravessa o peito, lembra-se que te sente a falta e uma dor pacifica instala-se.
Talvez o amor seja so uma forma diferente de se entregar o coraçao a uma morte que se alonga no tempo. Mas, quando adormece, a tua memoria protege-o de pesadelos reais e ele perde o medo de morrer. Porque, se morrer, é de uma forma melodicamente bonita.
Rosa Azul
A melodia do silencio deixa que o calcario escorregue pela tua consciencia. Falhaste. Porque a tua tristeza sempre foi melancólica mas violenta .
Ela esperou por ti.Incansavelmente. Naquela esquina sombria. Ela esperou , esperou que o tempo te trouxesse com ele nas suas esquivas formas de governar o mundo. Mas tu nunca chegaste porque deixaste a tua rosa morrer. E percebeu que se chegasses , chegavas demasiado tarde e , entao, mais valia que tivesses morrido. Mais vale nunca do que demasiado tarde.
Falhaste. E é um desconserto que não consegues apaziguar na tua alma. A figura dela, expectante, crente. A esperança que é o inicio da ruína. E o abraço que nunca lhe deste porque a tua rosa morreu. De que te valeria ofereces-lhe todas as flores de todos os jardins? A tua rosa morreu, as tuas mãos estariam sempre vazias.
Melhor era que ela te desse como morto. Perdeste a tua rosa. Mesmo que que a tivesses encontrado naquela esquina, não serias tu. Porque a tua rosa morreu nas tuas maos à força de a quereres, desesperadamente, salvar.
Ela esperou por ti.Incansavelmente. Naquela esquina sombria. Ela esperou , esperou que o tempo te trouxesse com ele nas suas esquivas formas de governar o mundo. Mas tu nunca chegaste porque deixaste a tua rosa morrer. E percebeu que se chegasses , chegavas demasiado tarde e , entao, mais valia que tivesses morrido. Mais vale nunca do que demasiado tarde.
Falhaste. E é um desconserto que não consegues apaziguar na tua alma. A figura dela, expectante, crente. A esperança que é o inicio da ruína. E o abraço que nunca lhe deste porque a tua rosa morreu. De que te valeria ofereces-lhe todas as flores de todos os jardins? A tua rosa morreu, as tuas mãos estariam sempre vazias.
Melhor era que ela te desse como morto. Perdeste a tua rosa. Mesmo que que a tivesses encontrado naquela esquina, não serias tu. Porque a tua rosa morreu nas tuas maos à força de a quereres, desesperadamente, salvar.
Saturday, January 01, 2011
Fénix
Um dia calmo, igual a tantos outros. São todos semelhantes, os dias, a diferença és tu que a fazes e, às vezes, a vida é demasiado simples para não seres atingido com essa complexidade existencialista que distorce o raio de luz.
No meio da rua, no meio de uma multidao sem rosto. Anónima. Como são todas as multidões. Respiras fundo e tapas o teu rosto singular com o capuz do casaco, queres ser reconhecido pelo não-reconhecimento. É uma metáfora desfocada e cheia de nevoeiro. Todos estão expostos e são todos demasiado pouco para mostrarem qualquer tipo de espirito.
Respiras fundo. Paras no meio do passeio. É uma loja de brinquedos, é uma loja de crianças. Ah, foi o inicio do teu pesadelo, foi o teu momento de maior felicidade. Foi o inicio dessa tua tortura arranhada e arrastada, procura anular-te melodicamente em vez de te assassinar. Foste uma criança brilhante, brilhante à tua maneira. Foste tu e todos desenharam traços da tua personalidade, da tua vida e tornaste-te grande. Tornaste-te o melhor de todos. Tornaste-te no rosto que se reconhece no meio da multidao vazia porque é impossivel verem quem és. So se ve o que és e isso eles não vem. Foste uma criança feliz, foste uma tarde de Verão com o som da Orion e aroma de amoras e tornaste-te numa fénix. Mas não há fenix nesta realidade e tu és so um homem melancolico que parou para observar uma loja de brinquedos. Porque foste uma infancia feliz e agora estao todos mortos, todos com excepçao de ti porque te tornaram numa fénix. Quase invencivel, quase imortal. Mas te não roubaram a sensibilidade, a humaninade. Te não tiraram o que te fazia ser brilhante: a forma perspicaz e estratega como compreendes humildemente a essencia humana. És uma fenix mas não deixas de ser uma fenix solitária.
Um dia monotono. Não te traz nada de novo porque a ausencia de novidade tambem é uma forma de inovação. E tu dominas tudo isso, tu sempre tiveste esse ego dualista que te mantem vivo sem te manter insensivel. Mas eles morreram todos, a tua infancia foi queimada. E tu estás em frente a uma loja de brinquedos a lembrar-te de uma criança que em tempos foste tu. És um sobrevivente. A tua forma de seres genial é sobreviveres humildemente, demonstrando inteligencia sem demonstrares supremacia. A tua genialidade está na forma como os teus semelhantes te penalizam por seres sempre melhor que eles. Sempre algo diferente.
Tiras o capuz da cabeça. Já o não necessitas. Às vezes torna-se exaustivo penalizarem-te por algo que não tens culpa. És um sobrevivente, um estratego inato. És uma fenix. Mas tantas vezes que preferias ter morrido. Com eles, com todos eles. Com a tua infancia. Misturas-te com a multidao , é indiferente. Estás indefinidamente descontextualizado.
No meio da rua, no meio de uma multidao sem rosto. Anónima. Como são todas as multidões. Respiras fundo e tapas o teu rosto singular com o capuz do casaco, queres ser reconhecido pelo não-reconhecimento. É uma metáfora desfocada e cheia de nevoeiro. Todos estão expostos e são todos demasiado pouco para mostrarem qualquer tipo de espirito.
Respiras fundo. Paras no meio do passeio. É uma loja de brinquedos, é uma loja de crianças. Ah, foi o inicio do teu pesadelo, foi o teu momento de maior felicidade. Foi o inicio dessa tua tortura arranhada e arrastada, procura anular-te melodicamente em vez de te assassinar. Foste uma criança brilhante, brilhante à tua maneira. Foste tu e todos desenharam traços da tua personalidade, da tua vida e tornaste-te grande. Tornaste-te o melhor de todos. Tornaste-te no rosto que se reconhece no meio da multidao vazia porque é impossivel verem quem és. So se ve o que és e isso eles não vem. Foste uma criança feliz, foste uma tarde de Verão com o som da Orion e aroma de amoras e tornaste-te numa fénix. Mas não há fenix nesta realidade e tu és so um homem melancolico que parou para observar uma loja de brinquedos. Porque foste uma infancia feliz e agora estao todos mortos, todos com excepçao de ti porque te tornaram numa fénix. Quase invencivel, quase imortal. Mas te não roubaram a sensibilidade, a humaninade. Te não tiraram o que te fazia ser brilhante: a forma perspicaz e estratega como compreendes humildemente a essencia humana. És uma fenix mas não deixas de ser uma fenix solitária.
Um dia monotono. Não te traz nada de novo porque a ausencia de novidade tambem é uma forma de inovação. E tu dominas tudo isso, tu sempre tiveste esse ego dualista que te mantem vivo sem te manter insensivel. Mas eles morreram todos, a tua infancia foi queimada. E tu estás em frente a uma loja de brinquedos a lembrar-te de uma criança que em tempos foste tu. És um sobrevivente. A tua forma de seres genial é sobreviveres humildemente, demonstrando inteligencia sem demonstrares supremacia. A tua genialidade está na forma como os teus semelhantes te penalizam por seres sempre melhor que eles. Sempre algo diferente.
Tiras o capuz da cabeça. Já o não necessitas. Às vezes torna-se exaustivo penalizarem-te por algo que não tens culpa. És um sobrevivente, um estratego inato. És uma fenix. Mas tantas vezes que preferias ter morrido. Com eles, com todos eles. Com a tua infancia. Misturas-te com a multidao , é indiferente. Estás indefinidamente descontextualizado.
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