Sunday, September 11, 2011

Roma

Choro por ti. Choro por mim, não quero o mesmo destino triste, partilho já uma parte do teu fado. A tua essência, tão humana, foste deus tendo tido sempre uma carne fragil. Queimada, destruiste-te a força de te construires, algures o teu sonho afundou-se em ti e acordaste no dia seguinte com tanto vazio dentro de ti sem te aperceberes sequer.
Choro por ti, pela tua fé quebrada. Tão mortal , tão magnificiente, tão falivel. Uma sucessão de sucessos que conduziu ao pior dos fracassos. E hoje o teu rosto é relembrado pela tua loucura quando perdeste a tua fé e o quando o vazio te guiou. Foste cruel, foste desumana, perdeste-te e continuaste de pé na teimosia de quem não aceitou que morreu. Perdeste a tua dignidade em honra de um tempo que se já tinha petrificado e és relembrada por isso. Quando a tua fé se afundou na concretização errada de um sonho bonito, afogou-se a tua grandiosidade. Afogou-se a tua utopia.
Choro por ti e lamento por mim, procuro-te sempre nas entrelinhas aborrecidas e cansativas do meu quotidiano. Lamento por mim, tenho a astúcia crua do teu pensamento a iluminar-me a sombra. Mas tenho-te saudades, tantas saudades, abro a janela na noite profunda e o teu aroma paira na cidade, ergueste-lhe os alicerces civilazacionais. É um vento discreto, porque perdeste a tua fé devagarinho, deixaste que a única religiao que alguma vez te moveu dissolver-se na poderosa magnificiencia que estava envelhecida. Mas tenho-te tantas saudades e esta é uma noite calma, tranquila, guerra nenhuma vigia o céu, ninguem te precisa, nem eu invoquei a tua estratega perspicácia. Choro por ti, lamento tanto a tua triste história cadenciada numa melodia cheia de lógica. Humana, lógica humana.

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