Monday, August 31, 2015

Primavera de flores mortas


As desilusões amontam-se no lugar de sonhos
De tempos de Primavera em flor
E não chegou o Inverno,
A primavera simplesmente ficou assim,
Triste com flores mortas. Antes um Inverso rigoroso
Que uma primavera com flores sem cor e sem força para desabrochar.

E as desilusões são assim,
Uma Primavera prometida que falhou
Porque chegou. Mas as memórias de outrora
Cheias de expectativas em flor
Antes desejar um Inverno austero
Do que uma flor que chora antes de nascer.

Antes sonhos queimados e chacinados à tua frente
Do que esta erva daninha que vai dando flores desfalecidas
E que não tens coragem de arrancar
Uma Primavera prometida que chega
Uma Primavera que cumpre a sua palavra
Uma expectativa que se vai desenlaçando 
Uma flor que nasce sem cor num campo cinzento
Sem a arte de capturar o momento.

As desilusões são isso,
Ossos que cresceram contigo mas de onde nunca nasceram asas
Enquanto anseias por voar.


Sunday, July 12, 2015

O vento do Sul

Desejo uma réstia de esperança no final de noite. E quando abro a janela à noite, encontro aquilo que curaria tantos vultos deambulantes: o vento fresco nocturno vindo do Sul refresca as velhas memórias para que não se percam nas areias do tempo.
E aqui, quando abro a janela, não há moralismos falaciosos. Nem tão-pouco o sentimento de que cumpri exigências alheias - para merecer a recompensa de ter sido bem comportado. Quando sinto a noite de Verão de textura absolutamente perfeita, o único dever que cumpri foi o meu e o mundo que se afogue nas suas pequenas regras, com a sua mesquinhez de quem lhe basta cumprir leizinhas para ser feliz e, depois, talvez viver (se for possível).
Quando abro a janela, toda a História cavalga no vento. A lua ilumina velhas lendas que nem lembro já o nome. Lá ao longe, sei que o mar espera nas entrelinhas da visão. A noite será tranquila na antevisão do dia de Praia, nesse jogo divino entre o amarelo e o azul.
E não há moralismos falaciosos num dia de Praia. Não há regras alheias para serem cumpridas. Há apenas uma imensa preguiça de quem é feliz numa noite fresca de Verão antes de um dia de praia. Não há moralismos falaciosos – há vida para viver, entre o azul do mar e o amarelo da areia, ou entre o céu e o sol. Há uma vida cheia de cor aqui, mesmo o Inverno, por vezes, chega a ter cores primaveris.

E uma réstia de esperança chega, cavalgando no vento vindo do Sul.

Friday, July 10, 2015

Conselhos em dias de Sol

Suspender o tempo em horas histéricas, eis um sonho comum. Controlar as batidas nervosas dos ponteiros de relógios alheios que sentimos no peito, sorrir como se sorri normalmente, como se fosse comum caminhar e sorrir. Como se fosse normal estar sempre bem disposto e não ter dias menos bons. Conquistar a normalidade, garantido uma anormalidade. Suspender o tempo porque a vida acha-se suspensa, embora os segundos se tornem minutos e um dia se perca, nas suas infinitas horas inúteis que vimos, lentamente, passar.
Eis um erro comum.
E para nada interessam receitas de vida alheia que te aconselham a fazer isto ou, então, antes aquilo. Dizem-te para seguires o teu coração, sempre, que é aí que se esconde a verdade última, tapada por interesses racionais. Mas não conhecem o teu coração, nem tão-pouco os seus infindáveis desejos e, indubitavelmente, fica-me a pergunta se continuará a ser uma escolha corajosa optar pelo medo, que tanto faz o coração bater mais depressa. Lugares comuns, como vês, revestidos de algo que brilha como ouro, mas que está muito longe de o ser. Oferecer essa hipótese, como sendo segura, o caminho do coração, é garantir a existência de um manual alheio, que no fim permite-te pensar que podes ser inocente na escolha que foi tua. Só seguiste o teu coração – como te disseram – nada de mal pode vir dai. E, assim, assumes que o teu coração é só mais um, igual a tantos outros. Talvez não devesses seguir o teu coração.
Eis uma ideia antagónica.

Não deverás seguir, talvez, coisa nenhuma. Deverás respirar de alívio, de consagração, de mérito, de desastre, de desgraça, de humilhação, de frustração, de degradação. Mas, para que o suspiro seja teu, não deverás seguir manuais alheios. Talvez fazer uma antologia com ideias perdidas, colando os retalhos com a tua própria interpretação, num abraço, tão perfeito quando possível, da objectividade com a subjectividade. Deverás saber que, muito provavelmente, estarás completamente só nesses dias, nessas épocas, em que a vida está suspensa e à espreita, mas as horas continuam a passar. E que muito além de ser bom ou mau, é, meramente, inevitável. Mas que terás os teus para celebrar a derrota ou a vitória porque, no final, importa acima de tudo que a vida não possa ser desprezada enquanto houver mais sentido para procurar do que meramente cumprir ordens baratas e alheias. A tua vida não deverá ser o cumprimento de um manual alheio que leste na diagonal.

Monday, June 22, 2015

Fanatismos das imposições alheias

Sei bem que não entendes e muito menos aceitas, mas como já te disse tantas vezes, até Deus eu dispensei para que a minha vida fosse de minha responsabilidade. Quero incorporar a dor e todas as suas variantes bem fundo na pele e, então, verás que o meu riso é o som do milagre da vida quando o mundo surgiu, ouvirás o desejo profundo de viver ou a paixão mais honesta. E tanto me faz, como te disse inúmeras vezes, o que quer que penses acerca desta vida que me mantém vivo  e que tanto te envergonha, uma suave blasfémia no teu ateísmo consentido por todas as piores razões. Tu, como crente fanático, não consegues aceitar algo que fuja ao modelo de vida que te garante a sustentabilidade.
Eu bem sei que desconheces todas as vezes que te enganei para poder, em paz, viver desta forma. Mas não te iludas que não foi por medo, apenas não me queria aborrecer. É como discursar eloquentemente para um surdo à espera de o comover e conquistar. Inútil e, de certa forma, insensível.  Para além disso, sempre fiz aquilo que me era mais importante. Por isso, diverti-me em prazeres alheios sem que vendesse, por um segundo que fosse, a minha ética. Se falhei? Mas quantas vezes!  Fiquei foi aqui, vivo, para (tentar) acertar na próxima vez. Porque aprendi que, muito provavelmente, haveria uma próxima vez e que estaria vivo para a contemplar.

Sei bem que lá bem no fundo, não consegues evitar odiar-me.  Porque sempre soube qual era o teu maior sonho, o teu desejo mais secreto, onde residia o sentido da tua vida, o preço alto que pagaste. Não, não o considero ridículo – não o considero de todo.  E quando olhas para mim, vês que pagaste demasiado e antecipadamente, vês que te burlaram como se fosses uma criança recentemente apresentada ao mundo.  Porque nesta vida que tanto odeias, que discorda atentadamente da tua, nesta vida que é uma blasfémia religiosa no teu ateísmo, eu estou aqui ainda, saudável e contigo, se verdadeiramente precisares. Eu não te odeio, não preciso. Já ousei dizer-te e mostrar-te que o contrário dessa tua ideia, que te é tão cara é, pelo menos, tão válida. E que não te odeio nem quero saber das tuas opiniões disformes. Blasfémia? Sim, eu sei. Verdadeiramente, não podia querer saber menos.

Friday, June 12, 2015

Mistério

No final de cada dia, perguntavam-me como é que eu gastava a minha vida. Dizia-lhes sempre a verdade, que uma mentira consciente é uma ilusão triste consentida. No meu mais profundo ateísmo, dizia-lhes que a vida não há-de ser só isto, mais do que perguntar se Deus existe, valeria a pena perguntar porque é que haverá de existir. Viver a vida pela vida, é difícil, sabes, e concorre a não ter propósito e é, precisamente aí, que reside todo o mistério, no porquê. Todos os teus heróis, todos os que ficaram conhecidos como diabos vestidos de homem, tornaram-se perigosos pelo seu propósito. Por isso, a vida há de ter sempre o seu objectivo e isso é que é misterioso. Mesmo sem Deus.
Mas nunca os consegui convencer, de nada. Mostravam-se sempre curiosos, talvez a espera de uma receita, talvez a espera de ocupar as horas num momento inoportuno. Mas também, que importa? A verdade é que tenho a minha própria filosofia de vida, que não é uma moral de vida, não é alheia e não diz respeito a mais ninguém.
E, no final do dia, acabava sempre por sentir a tua falta. Tinhas um propósito diferente, gosto de pensar que tinhas um objectivo diferente. A tua sobrevivência era visível no teu rosto como se fosse uma tatuagem, aprendi contigo o encanto de subsistir e sobreviver à vida, ser maior que eu porque haveria de ser maior que a desgraça. A miséria pode ser contingente se a vida tiver algum propósito, há essa esperança, uma janela aberta pode ser o começo de uma nova viagem.

No final de cada dia, perguntavam-me como é que vivia a minha vida. Como lhes hei de explicar? Sempre me fascinou o contraste. E entre as normais e discretas regras do dia-a-dia, eis que eu cruzava o tempo e sentia-me perfeitamente eu. Era esse o meu encanto, não ser apenas uma coisa, mas também o seu contraste. E, por isso, sinto-te a falta sem a sentir, aprendi a aprender. Então, esse é o meu encanto, da sobrevivência que não atinge o limite do desumano. Quando me perguntavam como gastava a minha vida, dizia-lhes sempre o mesmo: a viver. E elas não faziam a mínima ideia do que eu queria dizer com isso, porque era só conversa de ocasião e nunca pararam para ver o sol a por-se no horizonte marítimo. 

Wednesday, May 20, 2015

Alvorada


Já é quase madrugada e eu não
Consigo dormir. Estou dormente mas a alma
Não descansa. Talvez precise de um pouco de
Vida.
Talvez precise de mais qualquer coisa para então
Conseguir ter esse sono em que o
Sonho é perturbado com um optimismo infantil
De quem julga que a vida pode ser orientada
Por uma doce e terna fantasia.

Quando o Sol nascer a azáfama do dia-a-dia
Erguer-se-à e então tudo fará sentido
De uma forma oca.
Até as memórias que já esqueci que esqueci
Ser-me-ao perdoadas.
Mas pergunto,
No silêncio calcário da noite se alguma vez
O passado será capaz de se perdoar a si próprio.
Porque quando o Sol nascer
A tua memória fica escondida no manto veludo
Negro da noite e então
Não faz sentido recordar-te
Porque não há melancolia quando
Se cumpre uma rotina.

Já é quase madrugada e dormir parece-me
Estranho.
Quero manter-te com toda a vida que um dia tiveste -
há uma vida que se ausenta em mim.
E porque não te guardo saudade
Não me recordarei de ti
Quando o Sol nascer.

Mas é quase madrugada
E eu não consigo dormir
Porque por fazer sentido não significa que

A nostalgia não se faça surgir como uma outra voz da noite.

Saturday, April 04, 2015

Porque o vento é só o vento


A noite é tão silenciosa e por alguma razão, aleatoriamente, escolhi esta música. Sinto-te tanto a falta, ou talvez seja só o álcool. Preenchi-me de álcool para me preencher com qualquer coisa. Sinto-me sozinho e sinto-me bem, mas a noite é tão silenciosa e daqui a pouco é madrugada. Senti-me bem a noite inteira estando perfeitamente sozinho.
E depois não consegui evitar recordar todos aqueles dias em que estiveste aqui. A minha cabeça roda um pouco, tanto que gostaria de dizer, é da vodka. Tanto que gostaria que fosse absolutamente verdade. Mas tenho dúvidas e é tudo o que é necessário para que uma nova oportunidade surja. E esse é o problema das dúvidas, não é quebrarem, definitivamente, o dogma, é que garantem que tem de deixar de ser uma verdade inquestionável para poder manter-se uma verdade inquestionável. Fazem novas hipóteses surgir e então estamos desgraçados. Talvez te sinta mesmo a falta e cometa este pecado, de pelo menos agora, viver no passado porque lhe sinto a falta. E o talvez é a dúvida que é também o pecado capital. Mas já que bebi para sentir qualquer coisa e para a minha vida não ser só isto, aquilo que tanto quero, há uma hipótese de te sentir a falta e estar a cometer o pecado último: ter saudades do passado, inconsciente e irracionalmente. Mas que outra forma poderia ser? Provavelmente, a racionalidade do dia-a-dia é a salvaguarda que nos resta, a lógica verdadeira do sentir humano não nos interessa, se calhar é demasiado verdadeira e não estamos interessados em tamanha honestidade.
A noite é tão silenciosa… e quando estávamos, juntos, sentia o vento fresco e todo o universo doirar-me-ia na pele. Não me lembro de pensar em nada mais enquanto sentia isso. Daí a vodka, talvez, agora o vento seja só o vento, e isso é tudo o que quero. Porque é tudo o que existe. Mas, em noites silenciosas como esta, é tão pouco. E, porque bebi demasiado álcool, espero eu, tenho saudades desse tempo, em que o vento era também ele uma possibilidade. Uma que experimentei e que vivi, que me fez feliz e que depois me aborreceu. Conduziu-me até esta felicidade, calma e tranquila, mediada e humilde. Mas quis exceder-me porque não me excedia e, então, o álcool preencheu-me, nada mais havia para além do silêncio e, então, tive saudades desse tempo em que o vento falava de outras coisas, ilusórias e traiçoeiras, aborrecidas até, mas falava. Agora, o vento é só o vento, e eu sou feliz, mas não consigo não ter saudades.
Tuas? Pelo menos agora, tenho-as. Porque quando aqui estavas, o vento tinha, precisamente, a tua voz. Agora o vento é só o vento; alcancei aquilo que tanto queria, sinto-me perfeitamente bem, apenas porque aprendi, arduamente, o dom de aceitar que não há perfeição. E tenho saudades tuas, porque esta é a música que me lembra de ti. É tudo o que não fiz e tudo o que, possivelmente, devia ter-me inspirado e não inspirou, desconhecia-a completamente.

A noite é silenciosa e o tempo está dessincronizado de si próprio. Talvez por isso precisemos de contos com finais felizes. 

Wednesday, April 01, 2015

Queria dizer


Queria dizer que,
Poemas não se escrevem assim,
Como se fossem estátuas de ouro que esculpes
À procura de um reconhecimento
Demasiado correcto e forçado e ordeiro.
Queria dizer-te que poemas
Saem-te do coração
Fazem-te sangrar
Esventram-te
E doem-te para que possas,
Então,
Ser feliz quando voas sobre o deserto e encontras o oásis.
E já não há dor mas
Perfeição eterna quando sabes qual é a melodia,
E a encontras e a transformas para que se torne audível.

Queria dizer-te que não sabes escrever poemas
Porque os forças a sair da caneta.
E se tento escrever poemas
É porque não sou nenhum poeta.
Toda a tristeza do mundo bate no meu peito
E eu sinto-me só. O mundo inteiro
Não me consola porque se consola comigo.
Com a esperança de que saiba onde fica o oásis,
Ou que tenha a infantilidade de o querer procurar.

Queria dizer-te que os teus poemas
São rimas agradáveis
Que as gentes cantarolam
E que te fazem feliz.
Mas,
Não fazes ideia de que para escreveres poemas
Não podes ser poeta,
Tens de ser um pássaro, é o mundo inteiro que viste
As palavras – porque não? -

São só a tua maneira de voar.

Tuesday, March 24, 2015

A miséria do mundo e a vida

É um dia triste e, no entanto, a Primavera chegou. Há dias em que acordamos e a tragédia passeou-se pela nossa janela. O horror da vida, da aleatoriedade da morte, do destino que existe ou que não existe, mas que se vai cumprindo, ou descumprindo. Que interessa? Há dias assim, em que o Sol brilha e até aquece, mas o vento é terrível, o resquício do Inverno rigoroso e austero.
E, então, distraidamente, porque estava Sol mas o dia era triste, recordei-te. Nessa altura, os dias eram todos primaveris porque a vida era triste, talvez seja sempre esse o problema. Tínhamos uma corda ao pescoço, amávamos a vida. Viver a vida no limite para poder ter alguns momentos de felicidade. Talvez a juventude viva mais intensamente porque teme o envelhecimento, mas como não vê, correctamente, a morte no horizonte, dispensa a esperança. Eramos felizes? Tínhamos a corda ao pescoço, é preciso disciplina para viver intensamente cortando a corda. E por isso hoje o dia é triste apesar de o dia ser soalheiro.
 Hoje é um dia triste, precisamente porque o Sol brilha intensamente. Se chovesse drasticamente, talvez o dia não fosse tão triste, porque até o mundo gastava as suas lágrimas. E punia-nos, a todos, com a sua dor e se calhar encontrávamos aí a libertação da culpa, ou de um sofrimento surdo e alheio. Mas não. O dia soalheiro hoje é uma mera ironia crua. Brilha o Sol, sarcasticamente.

Nessa outra altura, em que eramos tristes e tínhamos uma corda ao pescoço, quando o Sol brilhava era de um brilho intenso. E nós bebíamos à vida, porque não a tínhamos. Um dia triste de Primavera onde a Primavera se ausenta. Cortámos a corda que tínhamos ao pescoço e hoje o dia é triste – conseguimos esperar pelo amanhã, de forma activa e não subversiva? Talvez o Sol esteja triste, à sua própria maneira, e nos console, com o resto pelo qual vale a pena viver.

Friday, January 09, 2015

Manifesto anti-idiotas

Não tem perdão aqueles que, por um medo envolvido num manto de ideias bonitas e extraordinariamente ilusórias, quebram a sua liberdade. E não têm perdão porque eles são livres de desejarem não o ser, mas ao fazerem isso, infelizmente, esses cobardes minam a minha liberdade. Porque não lhes posso dizer: cobardes, gozam de um certo tipo de liberdade para poderem abdicar dela. Mas não lhes posso dizer que é preciso ser livre para poder desejar não ser porque chamar-lhes cobardes os ofende. E eu não sou livre de os ofender.
Ainda que, todos os dias, essa atitude medíocre, medrosa, cobarde, digna da menos digna piedade, me retire liberdade.  Não posso dizer:seus cobardes da porcaria. Não me fica nada bem ofender e insultar, assim, os meus semelhantes. Portanto, não sou (completamente) livre de o fazer.
Não lhes posso dizer: pior que vos fecharem numa jaula como animais, seus idiotas, é vocês enfiarem-se nela e trancarem-se, para ficarem seguros. Não posso dizer isto. Não me fica nada bem.
Pois bem.
Hoje posso – e vou – fazer uso da liberdade que gozo e dizer a essas pessoas que são cobardes. E mais: são periogosas. Minam a liberdade de todos nós ao desejarem estarem seguros em vez de serem livres como se tal oposição fosse digna de existir. É um cliché, hoje, dizer-se que a minha liberdade termina quando começa a do outro. E pior: é unilateral. Na verdade, os cobardes que a proferem tem em mente algo deste tipo: eles são livres de escolherem uma cobardia vergonhosa e de a expressarem livremente e a minha liberdade termina quando os ofendo ou insulto ao chamar-lhes cobardes. Mas eles são livres de me ofenderem com a sua cobardia sem que lhes possa dizer, cobardes, todos os dias.

E, em nome da minha liberdade, digo, hoje: seus cobardes da porcaria, se vocês escolhem não ser livres, então a minha liberdade não termina quando a vossa começa, era preciso que fossem, de facto, livres, para se poder falar, de todo.