Wednesday, September 26, 2007

Não fazer nada

Não me apetece escrever. Na verdade, não me apetece fazer nada, nem não fazer nada. Por isso escrevo porque nada ,objectivamente, não posso fazer. E tanto que gostava não fazer absolutamente nada! Sonho o impossível... e concentro as minhas forças em realizar algo que me seja útil: escrevo. E numa preguiça boa e positiva, não me sai a raiva nem a ira que às vezes sinto em relação à maneira como as pessoas governam a minha vida.
Sim, governam a minha vida. Não que interesse – nunca interessou. Mas a sociedade decide muitas- demasiadas - vezes por mim. E não posso dizer que gosto ou que aprecio. Mas qual é a outra opção? Fujo o mais que posso e sou a ovelha que desertou do rebanho, o numero de vezes que me permito. Porque há limites para tudo, menos para a ignorância consentida.
Em dias destes em que o raio de sol entra realmente na minha alma, a única coisa que realmente quero é não fazer absolutamente nada.
O resto das ovelhas que se entenda com o pastor porque eu já tenho outro deus.

Wednesday, September 05, 2007

Reminiscência

Prossegue o pesadelo.
Feliz o tempo, que não tem memória!
É só dos homens esta outra vida
Da recordação.
E tão inúteis certas agonias
Que o passado distila no presente!
Tão inúteis os dias
Que o espírito refaz e o corpo já não sente!

Continua a lembrança dolorosa
Nas cicatrizes.
Troncos cortados que não brotam mais
E permanecem verdes, vegetais,
No silêncio profundo das raízes

Miguel Torga, Penas do Purgatório