Thursday, April 21, 2011

Cores de Paris

Talvez se tenham esgotado as palavras, às tantas ele pintava o seu proprio defice na realidade. Talvez desenhasse tudo o que o nao compreendia e tudo o que ele nao compreendia. Talvez a arte tenha sido uma forma de enquadrar a tristeza na filosofia que sempre acreditou: a arte é inutil, sem proposito, metaforica e bem fundamentada. Garante um certo optimismo por quebrar uma solidão que se instala involuntariamente. Uma solidão que se instala na solidão dele, a solidão que ele tanto ama.

Por isso é que sempre foste o quadro principal. Nunca entendeu o Amor e nunca entendeu o porquê de dissecar o Amor. Nunca te conseguiu questionar o porque de isso te ser tao importante, de lhe sentires a ausencia e a distancia e a indiferença só porque, para ele, o Amor é algo diferente. Sente quando sente. Quando o vento lhe beija a face, quando uma esquina lhe dá saudades da tua mão, quando o alcool e o cigarro nao compensam a tua companhia.

Talvez por isso se tenham esgotado as palavras. Já se cansou de se tentar perceber para te explicar o que é ele. Ele é ele. E o Amor dele é a imagem de como existe no mund. Por isso é que sempre o inspiraste e ele nunca pintou nada exactamente sobre ti. Nunca entendeu o Amor, nunca o quis entender. Ama-te como te ama. Sente-te a falta quando lhe fazes falta. Ama-te por nunca conseguir desenhar a beleza que a tua essência tem para ele. Porque nunca compreendeu o amor, ama-te. Talvez, talvez por isso, devesses compreender que tambem nao entendes o Amor.

Talvez por isso te consoles na Arte. É quando o descobres. É quando te descobres. É o que tem em comum. Esse apego estranho à arte.

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