Friday, November 17, 2006

Pegadas

O vento, possuidor de muita força, abana as árvores violentamente. Que hipóteses é que têm de resistirem, de não oscilarem? Resistem se as raízes forem grandes e fortes. Mas e quando são fracas? Morrem. Morrem para finalizarem a herança genética de raízes fracas. Sobrevivem as fortes. É assim que se evolui.
E o mesmo acontece nos seres racionais. Com a diferença de que quando não é a Natureza a fortalecer o genoma humano, é a sociedade que o faz. Nos países pouco desenvolvidos e com muita gente , há enormes catástrofes; nos países desenvolvidos existem – o mais impensável – suicídios. O tudo vira nada , e nem tudo nem nada existem concretamente.
Porquê? Em que realidade é que os fracos viram fortes e tornam-se nos heróis de alguns livros e de alguns filmes romantizados até ao infinito? Em nenhuma. É a imaginação mais baratas e medíocre a ser utilizada. Os fracos sucumbem sempre para a glória dos fortes. É injusto? Provavelmente. Mas mal do Ser Humano se não existisse esta injustiça. Os fracos que se fortalecem gradualmente nunca foram , possivelmente, fracos...
Julgo que todas as pessoas conhecem este facto. Ou pelo menos pressentem-no. A diferença é que os que conhecem realmente o facto só se deixam encantar por uma imaginação coerente, e não por qualquer história com um final mediocremente feliz , enquanto que os restantes vivem constantemente num mundo de imaginação barata e com pouca perspicácia.
Mas o vento continua a abanar as árvores , apesar do sentimentos, das reflexões, das mortes e dos nascimentos... E quando passa por nós, o vento viajado, diz-nos que não somos mais do que frágeis pegadas à espera e uma onda azul e miseravelmente pequena que as apague. Para sempre.
Mas a onda é justa, apaga tanto as pegadas bem definidas e fundas, como as suaves e ténues. Então, para quê deixar pegadas bem fortes na areia?
Para se ter a certeza incontestável de que um dia caminhámos na praia...

Thursday, November 16, 2006

Tentar ...

Realmente, o que é a vida? É passear á chuva, venerar o sol?. Passar uma a tarde a conversar com os amigos num café? Realmente, como se define, como se limita?
Quando percorremos o caminho todo da linha da vida, do que é nos recordamos melhor, das partes boas ou das partes más? O que se sobrepõe? Era tão bom saber, ter estas respostas... era tão bom que viver fosse apenas gostar do Inverno. E tão pouco que seria! Valeria a pena, fazer da vida – nosso bem tão precioso- algo tão pouco, tão fácil de alcançar?
A vida é um paradoxo: se o objectivo é fácil de alcançar, a felicidade dura pouco, ficamos vazios; uma expectativa baixa corresponde a alguém com pouca visão , pouco conhecimento. Mas por outro lado, se o objectivo é duro de atingir , sofremos todo o tipo de desilusões – a pior desilusão? Aquela em que nos desiludimos connosco próprios- , vários tipos de queda; quando chegamos ao fim ( caso cheguemos) somos outros. Ou fomos derrotados pela dificuldade ou endurecidos pela dor. Valerá a pena?”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Então o que aumenta a alma?...
Onde está o termo médio? O objectivo mais ou menos difícil? Ou se quer ser Médico , Engenheiro e estuda-se para isso, ou desiste-se da escola e submete-se ao emprego mais básico. Não existe termo médio. A vida por vezes, é bastante crua. A sua precisão é extraordinária : ou se é, ou se não é. A vida é exacta..
Contudo, somos nós. Continuamos a ser nós, mais ou menos endurecidos; fortalecidos ou enfraquecidos. “O que nós somos é imutável. Quem somos está sempre a alterar-se”.
Ironicamente, só da maior confusão nasce a mais brilhante ideia; só ao caminho mais doloroso sucede, ás vezes, o riso confiante e desenvergonhado da felicidade. Como um ciclo.
É isto viver. Alterar o ciclo. Tentar que o Ícaro não caia, apesar de se saber que, muito provavelmente, ele cai. É isso que aumenta a alma, tentar... é o nosso primeiro e último recurso. Tentar...

Saturday, November 11, 2006

London Rain



'You worship the sun
But now can you fall for the rain?"

Jamie Cullum, London Skies