O dia nasceu cinzento apesar de o Sol iluminar a cidade. O dia nasceu cinzento, irremediavelmente cinzento, tem de existir harmonia entre o ego dele e o resto do mundo. Apesar do calor, apertou o casaco negro contra o peito, o preto era lhe confortavel e não sentia nem frio nem calor, sentia apenas a necessidade de apertar o preto contra o peito. Aquecer o gelo que lhe corria nas veias.
Passou o portão, sempre num passo lento e firme, a tristeza tem às vezes este sorriso. O choro alto e claustrofóbico de uma mulher incomodou-o, havia uma fracçao de uma inocente ignorância na forma como estava desesperada. No choro longo e sofrido, ouvia-se uma falta de espirito, uma observação dele demasiado crua, talvez. Mas ele ouvia essa falta de resistência , essa entrega fraca à morte. E continuou a caminhar, estava à tua procura. A dor dele pertencia-lhe, a não desejava partilhar com o mundo.
Algum tempo depois, encontrou-te. Sentou-se à tua frente, calmo e sereno, o rosto impassivel, impenetravel. Do bolso retiou o maço de tabaco, acendeu um cigarro. Deixou que o fumo fosse na tua direcçao. Uma multidão vestida de negro passou por ele, amaldiçoou-o , gritou-lhe. Não entendiam.
Conversou contigo, fez-te perguntas. Respondeste-lhe nessa tua voz grave e despreocupada. Tu és a única pessoa que não tem uma consciência profunda do que te aconteceu e , ele, percebeu tudo demasiado tarde. Era um destino demasiado triste que tentou evitar como pode. Ignorou esse destino certo teu até que se tornou verdade.
O homem acabou o seu trabalho de alisar a terra. Estava habituado aquele ambiente negro e triste do cemitério, estava habtiuado à dor das familias que deixavam naquele sitio o que restava de uma esperança cruel. O homem trabalhava no cemitério há muitos, muitos anos, mas nunca tinha visto nada como aquilo. Um homem novo, com um casaco negro preso ao peito, sentado à frente de uma terra por preencher a fumar.A ignorar todo o ambiente que o circundava. A indiferença dele era a expressao fisica da dor , uma dor ornamentada com uma dignidade respeitavel. Ele estava bem, estava triste. Nada podia ser feito por ele, a morte é irreversivel. So não compreendia , o pedaço de terra na sua frente , não tinha nenhuma campa.
Algum tempo depois levantou-se. Olhou-te uma ultima vez. Pediu-te desculpa, não ia regressar tao depressa. Tambem ele necessitava da doce solidão. Precisava que a tristeza se ajeitasse, que se tornasse artistica.
Tirou o casaco negro do corpo, começou a sentir o calor a ajeitar-se na pele. Tinha uma bruta consciencia ele, queria dizer-te para aliviar o pensamento que estava preso à mente dele. Que lhe era inato. Por isso é que te disse que preferia que o teu suícidio tivesse sido físico, preferia que tivesses como tecto aquele pedaço de terra. Porque morreste quando deixaste de existir, e, completamente morto estás hoje. Seria mais facil se te pudesse chorar naquele sitio. Seria mais facil ver o corpo inerte do seu irmao ao lado de tantos outros.
Mas escolheste um destino ainda mais triste, a arte da tua tristeza foi ainda mais profunda. Arruinas-te um pedaço do ego dele com essa tua morte.
Passou o portão, sempre num passo lento e firme, a tristeza tem às vezes este sorriso. O choro alto e claustrofóbico de uma mulher incomodou-o, havia uma fracçao de uma inocente ignorância na forma como estava desesperada. No choro longo e sofrido, ouvia-se uma falta de espirito, uma observação dele demasiado crua, talvez. Mas ele ouvia essa falta de resistência , essa entrega fraca à morte. E continuou a caminhar, estava à tua procura. A dor dele pertencia-lhe, a não desejava partilhar com o mundo.
Algum tempo depois, encontrou-te. Sentou-se à tua frente, calmo e sereno, o rosto impassivel, impenetravel. Do bolso retiou o maço de tabaco, acendeu um cigarro. Deixou que o fumo fosse na tua direcçao. Uma multidão vestida de negro passou por ele, amaldiçoou-o , gritou-lhe. Não entendiam.
Conversou contigo, fez-te perguntas. Respondeste-lhe nessa tua voz grave e despreocupada. Tu és a única pessoa que não tem uma consciência profunda do que te aconteceu e , ele, percebeu tudo demasiado tarde. Era um destino demasiado triste que tentou evitar como pode. Ignorou esse destino certo teu até que se tornou verdade.
O homem acabou o seu trabalho de alisar a terra. Estava habituado aquele ambiente negro e triste do cemitério, estava habtiuado à dor das familias que deixavam naquele sitio o que restava de uma esperança cruel. O homem trabalhava no cemitério há muitos, muitos anos, mas nunca tinha visto nada como aquilo. Um homem novo, com um casaco negro preso ao peito, sentado à frente de uma terra por preencher a fumar.A ignorar todo o ambiente que o circundava. A indiferença dele era a expressao fisica da dor , uma dor ornamentada com uma dignidade respeitavel. Ele estava bem, estava triste. Nada podia ser feito por ele, a morte é irreversivel. So não compreendia , o pedaço de terra na sua frente , não tinha nenhuma campa.
Algum tempo depois levantou-se. Olhou-te uma ultima vez. Pediu-te desculpa, não ia regressar tao depressa. Tambem ele necessitava da doce solidão. Precisava que a tristeza se ajeitasse, que se tornasse artistica.
Tirou o casaco negro do corpo, começou a sentir o calor a ajeitar-se na pele. Tinha uma bruta consciencia ele, queria dizer-te para aliviar o pensamento que estava preso à mente dele. Que lhe era inato. Por isso é que te disse que preferia que o teu suícidio tivesse sido físico, preferia que tivesses como tecto aquele pedaço de terra. Porque morreste quando deixaste de existir, e, completamente morto estás hoje. Seria mais facil se te pudesse chorar naquele sitio. Seria mais facil ver o corpo inerte do seu irmao ao lado de tantos outros.
Mas escolheste um destino ainda mais triste, a arte da tua tristeza foi ainda mais profunda. Arruinas-te um pedaço do ego dele com essa tua morte.
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