Friday, January 09, 2015

Manifesto anti-idiotas

Não tem perdão aqueles que, por um medo envolvido num manto de ideias bonitas e extraordinariamente ilusórias, quebram a sua liberdade. E não têm perdão porque eles são livres de desejarem não o ser, mas ao fazerem isso, infelizmente, esses cobardes minam a minha liberdade. Porque não lhes posso dizer: cobardes, gozam de um certo tipo de liberdade para poderem abdicar dela. Mas não lhes posso dizer que é preciso ser livre para poder desejar não ser porque chamar-lhes cobardes os ofende. E eu não sou livre de os ofender.
Ainda que, todos os dias, essa atitude medíocre, medrosa, cobarde, digna da menos digna piedade, me retire liberdade.  Não posso dizer:seus cobardes da porcaria. Não me fica nada bem ofender e insultar, assim, os meus semelhantes. Portanto, não sou (completamente) livre de o fazer.
Não lhes posso dizer: pior que vos fecharem numa jaula como animais, seus idiotas, é vocês enfiarem-se nela e trancarem-se, para ficarem seguros. Não posso dizer isto. Não me fica nada bem.
Pois bem.
Hoje posso – e vou – fazer uso da liberdade que gozo e dizer a essas pessoas que são cobardes. E mais: são periogosas. Minam a liberdade de todos nós ao desejarem estarem seguros em vez de serem livres como se tal oposição fosse digna de existir. É um cliché, hoje, dizer-se que a minha liberdade termina quando começa a do outro. E pior: é unilateral. Na verdade, os cobardes que a proferem tem em mente algo deste tipo: eles são livres de escolherem uma cobardia vergonhosa e de a expressarem livremente e a minha liberdade termina quando os ofendo ou insulto ao chamar-lhes cobardes. Mas eles são livres de me ofenderem com a sua cobardia sem que lhes possa dizer, cobardes, todos os dias.

E, em nome da minha liberdade, digo, hoje: seus cobardes da porcaria, se vocês escolhem não ser livres, então a minha liberdade não termina quando a vossa começa, era preciso que fossem, de facto, livres, para se poder falar, de todo.

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