Já é quase madrugada e eu não
Consigo dormir. Estou dormente mas a alma
Não descansa. Talvez precise de um pouco de
Vida.
Talvez precise de mais qualquer coisa para então
Conseguir ter esse sono em que o
Sonho é perturbado com um optimismo infantil
De quem julga que a vida pode ser orientada
Por uma doce e terna fantasia.
Quando o Sol nascer a azáfama do dia-a-dia
Erguer-se-à e então tudo fará sentido
De uma forma oca.
Até as memórias que já esqueci que esqueci
Ser-me-ao perdoadas.
Mas pergunto,
No silêncio calcário da noite se alguma vez
O passado será capaz de se perdoar a si próprio.
Porque quando o Sol nascer
A tua memória fica escondida no manto veludo
Negro da noite e então
Não faz sentido recordar-te
Porque não há melancolia quando
Se cumpre uma rotina.
Já é quase madrugada e dormir parece-me
Estranho.
Quero manter-te com toda a vida que um dia tiveste -
há uma vida que se ausenta em mim.
E porque não te guardo saudade
Não me recordarei de ti
Quando o Sol nascer.
Mas é quase madrugada
E eu não consigo dormir
Porque por fazer sentido não significa que
A nostalgia não se faça surgir como uma outra voz da noite.
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