Monday, July 23, 2012

A chegada do Mestre entre a multidão - Parte II


Sempre tive uma vontade inata de um dia fugir com os pássaros que alongavam as frageis asas pelos vidros das janelas da minha casa. Mas havia uma invisivel força que prendia o corpo a esta terra alheia e eu ficava a ver os pássaros pousarem os seus habeis corpos perto da minha janela e depois partirem, uma parte de mim, sempre partiu com eles, vivi sempre em duas realidades sem nenhuma região intermédia.
E olhava a volta, a miséria da desgraça latente alcançava-me sempre e gritava, gritava mas era um mudo som, ninguem ouvia. So queria ser eu, ser livre, so queria não ser a desgraça que, de uma ou de outra forma, me alcançava sempre. Só queria ir com os pássaros, so queria abrir a janela e fugir.
Um dia, um dia gritei mais do que é costume, gastei os pulmões, um pequeno trilho de sangue surgiu ao pe de mim mas continuei a gritar. Queria gritar, queria que ouvissem, não endoideci, não desisti, quero e serei livre. Por isso continuei a gritar, gastei a força e fiquei de joelhos mas, mas mesmo assim gritei, o sangue tornou-se num reflexo que via quando olhava com atenção para a poça vermelha estendida no chao, mas continuei a gritar. Ninguem parou para olhar, era simplesmente alguem firme e em pé que numa melodia cortante dizia que o mundo, este mundo, está algures errado, que não tem de haver resignação, a felicidade é algo mais do que ir vivendo a vida devagarinho. E era mentira, estava de joelhos a gastar a voz que já não tinha num grito mudo que ninguem ouvia, ninguem ouvia mas via nos seus olhos que me encontravam arrogante mas, mas eu so queria ser eu, ser livre, ir com os pássaros. Depois perdi a força , perdi até a voz que não tinha e já não me conseguia levantar. Ninguem reparou.
Mas, depois, senti um puxão, alguem me levantou pelo braço e disse que tinha ouvido o meu grito de Liberdade. Deixou-me sugar toda a vida do seu braço para me conseguir levantar.
E, e depois, fui com os pássaros e ele ficou, quem me tirou da multidão enquanto me desfazia em sangue. Ele, ele foi toda a diferença – ouviu-me.

1 comment:

Alice in Wonderland said...

Texto fantastico =') Obrigada por partilhares =)