Sunday, October 26, 2008

Perguntas

Eles executaram tantos sacrifícios e mancharam tantas ruas com sangue inocente que já não reconheço muitos dos meus irmãos. Não sei se és um dos meus ou um dos deles, não sei a que universo pertences, talvez nem sequer sejas mais um soldado desta triste guerra vazia.
De um certo ângulo ilude-me uma possível cicatriz. Tê-la-ás? És mais um espírito que nem tem o direito de estar perdido porque não tem um lugar para voltar? És como eu, um soldado desertor, que abandonou a guerra e abdicou da memória e de parte do ideal para ter alguns segundos de felicidade? Ou talvez sejas uma brisa de ar fresco que vagueia sozinha e tem as suas próprias batalhas, alheias à luta entre o convencional e o inovador, alheias à aurora boreal e à noite negra que engole a lua?
De um certo ângulo o teu rosto perfeito não apresenta cortes frívolos e calculistas. Talvez sejas um deles.
Mas curaste-me parte da cicatriz, deste-me um motivo para sair da guerra completamente.
Não importa quem és. Não importam as perguntas, pensar é olhar o mundo e ver um ciclo.

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