Thursday, August 28, 2008

Justiça Negra

Podes fazer o que quiseres. Queres torturar-me? A chacina está feita, arruinaste-me quando não respeitaste a minha dor. Mataste-me quando traíste. Queres corroer os ossos e esticar os músculos? Nada mais dói. És uma anedota egoísta e patética que não compreende que é um grão de areia no mundo; que é um cheiro nauseabundo que é tão fraco que já nem sequer incomoda.
Faz o que quiseres. Já morri e tu já me desonraste. Não há corte que possas fazer na minha pele que magoe. Lembra-te, os mortos não sangram.
Mas tu estas bem longe de estar morto. Tanto vazio e tanta crueldade, tanta ambição desmedida e inutilmente utilizada mantêm-te vivo e bem vivo. Quando te fizer o corte vais ser pequeno mas vai ser profundo. Porque os mortos são invisíveis na luz do dia e na calma da noite.

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