Tuesday, August 12, 2008

Inveja

As sombras afastavam-se dele depois da afirmação que o que mais amava era o rio, o que o melhor acompanhava era o rio, o que o melhor compreendia era o rio. O horror da devoção perante o inanimado era explícito no olhar da sombra que se afastava e que era só isso, uma sombra com um olhar barato e vazio.
A sombra não pensa e a sombra não sente, a conclusão frívola é tão dura como um facto histórico. Irrefutável. Se a sombra fosse humana veria que o rio o reflecte quando ele se dobra para lhe tocar com o coração; e ele não pode fugir da imagem que vê reflectida, o eu cru fantasma nítido que lá esta sem a simpatia inerente à ma noticia trazida pelo velho amigo. E o rio esta sempre perto dele, mesmo quando ele se sente um alimento nascido estragado e podre.
O rio não o abraça o rio não o consola fisicamente. O rio é bonito naturalmente e é triste nas suas águas profundas. Mas é a sombra que o aproxima do rio. É a sombra a responsável pela relação de amor estabelecida. E é a sombra a responsável pelo futuro suicídio.

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