Friday, July 04, 2008

Mestre

Sim, é verdade, estou a tentar mudar o sentido do Universo. E, sim, não tenho a tua arte, Mestre, não tenho a tua força. Desafiar a força à qual o Mestre se resignou é suicídio, mas eu sou a única hipótese dela. E tenho a vantagem de ter o Mestre que faz o mundo girar de acordo com a alma, distraidamente e sem ser propositado.
O meu sangue é novo e é resistente. O tendão é duro. Dobra com facilidade o ângulo certo. Em obediência, é tão grosso como o Osso. Por isso, Mestre, ela precisa de mim, para aprender; para ver, apenas que há pessoas que não são moldáveis ao destino, que modelam, antes, o futuro que não lhes pertence. Precisa de mim, porque o amor, quando é sincero, move estrelas porque as comove – Alias, tudo o que vem da alma, de dentro, das estranhas, comove.
E, eu, preciso de ti, Mestre. Porque preciso da Estrela que não indica apenas o Norte, preciso do Deus que morre e que por isso é Imortal. Preciso de alguém como eu mas melhorado. Preciso da tua compreensão e do teu conselho.
Sim, é verdade, sei que vou falhar. A guerra está perdida e eu perco tempo com batalhas igualmente inúteis. Mas a esperança – a maldição dos Homens– prende-me a ela. E a responsabilidade de ter consciência. E o amor. E sei que ela precisa de mim, do meu sangue, da minha carne, do meu sacrifício.
Mestre. Mestre, quero mudar o sentido de rotação do Homem, estou a desejar o impensável. Dá-me a luz azul do discípulo desertor pela boa causa. E mantém-te comigo , só parte de mim te desobedece e só desobedece a parte das tuas ordens.

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