Instintivamente, o vento da infância nunca me abandona. Durante o dia lembrei-me da história do patinho feio. Quando era pequena, não gostava. Alguém me disse que o final era feliz. E eu, numa posição irreversível, defendia que o patinho feio, com a triste vivência que tinha tido, jamais poderia ter um fim feliz. Podia era, ter um fim menos infeliz. Há feridas que nunca saram. Provavelmente, o meu raciocínio foi um exagero. Gosto de pensar que foi. É consolador pensar que o triste e pequeno pato se regenerou; sobreviveu à discriminação crua de que foi alvo.
Porém, pergunto-me, quantos patinhos feios é que passaram por mim. Que fim terão tido?O menos infeliz?...
No momento, só me ocorre pensar que o patinho feio é bem mais que um conto para crianças. Isto é, se se quiser considerar que é um conto para crianças...