Alguém uma vez me disse : o problema dos contos de fada é
que não são reais. Apanhei-me quase por imediato a pensar qual era o conto que
era realista, não há nenhum. Não há nenhum livro, nenhum poema, nenhum quadro
realistas. Não são o dia-a-dia. Isso não teria interesse. Algo há neles
profundamente não realista - e é daí que advem todo o realismo plausível e
encantador.
E então o amor falha, a vida falha, e até a esperança se
torna num moribundo preso à vida por um fio de dor. Os amigos falham, os
amantes falham, a Primavera falha, a sabedoria falha, o futuro falha, o dia
melhor falha. Tudo falha. E tem de se começar de novo mas com os olhos já com
essa visão, do gigante falhanço de todo o mundo.
Alguém uma vez me disse: gosto de contos com final feliz
sobretudo quando são incrivelmente simples.
E toda a harmonia do Universo pareceu, calmamente, bater
palmas. Como se a vida tivesse encontrado o seu lugar no mundo e ambos estivessem
em paz em cada pedaço de coração. Subitamente, o mundo pareceu ter exactamente
o tempo suficiente para cada homem celebrar a vida.