Tuesday, July 29, 2014

D. Quixote ao Espelho



Contra gigantes reais,
Feitos de moinhos ilusórios,
A honra iluminava-te o peito num mundo onde a honra é tão
Esquisita
e desadequada
e estrangeira
Como um gigante dos tempos antigos.

Contra gigantes ilusórios
Que assentam em moinhos comuns.
Tão patética que é a honra!
Tão pobre e tão gasta
 e tão triste…
Troçam as pessoas  dizem que esta é a pior loucura
Só um tolo quer salvaguardar aquilo que já foi extinto.
E têm pena sem compaixão alguma.

A pior loucura,
A pior loucura,
Caminhar num mundo onde todos os moinhos são
Apenas ruínas de outros moinhos
Assentes em outras quaisquer ruínas.
Simplesmente.

(É um mundo que não sabe imaginar
E que se alimenta de um real ilusório,
Iludido sobre si próprio,
Combate activamente o seu gigante
Sem se dar conta que é um moinho.
E ri e troça de si próprio sem o saber.
A pior loucura.
Afinal é essa.

E sentes repugnância sem compaixão alguma.)

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