Como dizer-te que, simplesmente, não há mais nada que
deseje? Mais nada para ver ou para ouvir. Simplesmente, como dizer,
simplesmente não quero mais.
Como dizer-te que todas as Primaveras trazem flores mas que,
se olhares com atenção, cada Primavera traz as suas próprias flores. Cada uma
delas cumpre o seu destino, o seu ciclo e depois morre. Dá lugar a outra. E é
tudo: mais são justificações que te fazem sentir melhor. Tem de haver um porquê
para não pesar tanto a dureza simples da verdade. Para a culpa estar no outro. Para,
para, para… mas nenhum porque interessa.
Mas, simplesmente, como dizer-te? É tão simples que faltam
as palavras. É tão simples que não basta o silêncio. Podes pensar o que
desejares, mentir-te para ampares a ilusão, construir um denso castelo de
fósforos envelhecidos. Tanto me dá. Simplesmente, não te quero mais.
Simplesmente é outra vida no mesmo mundo, outros olhos no
mesmo rosto. Já não te quero mais. Sem ressentimento e sem argumentos
circulares: apenas, já não te quero mais. Para contrariar isto teria de
arranjar outra pele, esta não muda de textura.
Inspirado em All the Right Friends de REM
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