A maior tristeza é a de não viver e, se já me preencheu o peito, jamais definiu a essência. Sempre tive a tristeza do fim, da dissolução de um ideal que perdeu força, da quebra do quotidiano e a hesitação da nova oportunidade em chegar. Mas nunca fui triste por não viver, talvez tenha tido a tristeza de não saber viver, que é oposta. Ninguem sabe viver, viver é não saber viver. Sentir qualquer coisa debaixo da pele, um vento fresco ou um sucesso alcançado,o amor ou o fim do amor, qualquer coisa. O importante é sentir, viver é experimentar, hão de existir erros. E hão de existir coisas bem feitas. Recordar as duas é a afirmação de que se está vivo.
Mas nunca tive eu essa tristeza, de não viver, de estático observador da vida que é minha. Errei e corrigi, se me feri, não teve outra hipotese a ferida para alem de cicatrizar , continuei vivo no dia seguinte. Porque estou vivo e quero viver, jamais não vivi. Posso ter vivido mal, escolhido o que era errado ( mas o que é o correcto?) mas escolhi. E vivi. Essa tristeza, meu amigo, não é minha. É tua. A tristeza de não viver ao viver a vida no limite, precisar o pormenor que consola o espirito e generalizar e maximar toda uma excentricidade humana numa boémia ideia que julgas que te esconde e protege do mundo. É uma tristeza que é tua.
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