Sunday, May 02, 2010

Last Kiss

Posso dar-te a mao mas, etende, isso não vai anular a tua morte. Morremos todos. Mas dou-te a mao, agora e sempre. Porém, etende, é indiferente. Não a vou conseguir aquecer eternamente.
Posso fingir, por fracções de momentos, que existe uma hipotese de me tornar exactamente naquilo que gostavas que fosse. Até posso fingir, mas compreende, é a tua desilusão. Provavelmente mais vale veres agora o monstro que acarinhaste e que nunca será principe algum. Não, não negues. Sabes que é verdade, vejo o meu reflexo de monstro nos teus olhos. Sempre vi, era esse o teu encanto. O silencio seco e duro de um facto duro inegável.
Posso dizer-te palavras mais agradaveis e mais bonitas. Mas o fim é sempre o fim. E depois do fim existe sempre nada. Posso dizer-te palavras que aliviem a tua consciencia mas nunca vao atenuar a dor no peito.Já devias saber que o teu coração é muito mais largo e pesado do que alguma vez a tua existencia será. Apesar de serem uma mesma coisa.
Posso dar-te a mao, mas etende, é irrelevante. Eras a minha rosa e agora és uma rosa enjelhada e rasgada. Posso dar-te a mao mas , observa, já morremos os dois.

2 comments:

POETA DE RUA said...

Belíssimo!!!
"O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu..."

WinGs said...

completamente ! nao resumiria melhor! =)