Cose as tuas asas, pequeno anjo, que pior que cair, é não
tentar sentir o intenso azul do céu ou quão quente é o Sol. De que vale uma
vida sem desejos e sem sonhos?
Cose as tuas asas, é possível, ver-te trespassares o abismo,
é o meu sonho, sou um jovem velho Dédalo, pequeno anjo, não posso dar-te umas
novas asas, sonhar é eternamente ser-se frágil, porque somos efémeros,
mas cose tuas asas que ainda és pequeno, ainda te vela o tempo por vir. Esta é
a minha função, tentar que voes e que não tenhas medo do medo, pequeno anjo,
voar é viver a vida que te pertence.
Cose as tuas asas, pequeno anjo, que tens contigo a esperança
de muitos homens. A tua falha não os preocupa, a tua desistência é mais
corrosiva, porque se abandonares o sonho, quem é que voa por ti? Por isso, cose as tuas asas, pequenino anjo, que trazes
contigo o sonho e tenta voar. A esperança que depositam em ti ampara-te a
queda, pequeno anjo, porque é preciso que voes, para mostrares o caminho até ao
Sol. Se não voares nós ficamos sós, com o sonho quebrado a escorrer, inutilmente, por entre
as mãos.
Por isso, cose as tuas asas, meu pequeno anjo, que eu sou
Dédalo mas não sou Ícaro, não anseio voar, anseio que proves que sonhar torna a
vida possível.
1 comment:
Lindo....
Parabéns!
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