Thursday, August 01, 2013

Cose as tuas asas

Cose as tuas asas, pequeno anjo, que pior que cair, é não tentar sentir o intenso azul do céu ou quão quente é o Sol. De que vale uma vida sem desejos e sem sonhos?
Cose as tuas asas, é possível, ver-te trespassares o abismo, é o meu sonho, sou um jovem velho Dédalo, pequeno anjo, não posso dar-te umas novas asas, sonhar é eternamente ser-se frágil, porque somos  efémeros, mas cose tuas asas que ainda és pequeno, ainda te vela o tempo por vir. Esta é a minha função, tentar que voes e que não tenhas medo do medo, pequeno anjo, voar é  viver a vida que te pertence.
Cose as tuas asas, pequeno anjo, que tens contigo a esperança de muitos homens. A tua falha não os preocupa, a tua desistência é mais corrosiva, porque se abandonares o sonho, quem é que voa por ti? Por isso, cose  as tuas asas, pequenino anjo, que trazes contigo o sonho e tenta voar. A esperança que depositam em ti ampara-te a queda, pequeno anjo, porque é preciso que voes, para mostrares o caminho até ao Sol. Se não voares nós ficamos sós, com o sonho quebrado a escorrer, inutilmente, por entre as mãos.
Por isso, cose as tuas asas, meu pequeno anjo, que eu sou Dédalo mas não sou Ícaro, não anseio voar, anseio que proves que sonhar torna a vida possível.


1 comment:

Professora Lu said...

Lindo....
Parabéns!