Tuesday, August 27, 2013

Silêncio

É um estranho mundo, meu amigo, demasiado estranho para essa tua existência, fundamentada por uma ideia diferente, procuras os teus, os que partilham a tua ideia enquanto eles procuram diferenciar-se de tudo o que os rodeia até serem únicos e especiais. E sós, indefinidamente sós, são tão únicos e são tão especiais que por mais que falem, ninguém os compreende.
Tu não estás só, tens os teus, tens consciência (e eles não), às tantas o teu coração é esvaziado de significado e o deles não, porque não têm consciência. E esperam de ti o impossível, tens contigo o batimento cardíaco, pegam-te na mão como se fosses um messias por despertar, como se pudesses salva-los da desgraça que são, porque é de ti que vem o pulsar da vida. Mas não os consegues segurar, instantes há em que simplesmente, simplesmente, tens de descansar e fechar os olhos, tens também uma vida para esventrar o propósito.

E olham-te, depois, quase com rancor, como se fosses egoísta. Porque, de tempos a tempos, evidencias numa luz clara a tua escolha : tu. Aquilo que eles não têm.  Não podes permitir-te essa surdez e deixar de ouvir o som de uma folha quando cai num secreto lago, no silêncio pacífico do teu ser. 

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