Sunday, June 16, 2013

O nascimento da Sonoridade Azul

Há algo na tua voz que me faz sonhar um mundo melhor, onde a tua sonoridade não seja tão triste (porque não tem de ser tão triste). Tive, claro, as minhas guerras com o mundo, as desilusões de uma ideia que não conseguiu desabrochar. Mas mantive, acima de tudo, uma tensão comigo, entre o queria ser, o que era e o que desejava ser, o mundo, o mundo funcionava apenas como reflexo do meu próprio espírito. A guerra contra o mundo sempre foi uma batalha dentro de mim. Sobrevivi, como vês,  porque fechei os olhos para ouvir a minha própria voz, esquecida no turbilhão do ruído do mundo. Fechei os olhos para ver melhor o nascimento da cor e, encontrei nesse instante, o som de onde brotou todo o mundo. Há algo na tua voz que me lembra o meu ser, que ao defender uma perspectiva vitalista, se esqueceu do drama inerente a uma existência vital. É a tristeza da tua voz que me faz querer dar-te o Belo, porque é por sua mão que a realidade ganha uma nova vida, destinada a ser vivida por  um novo tempo.

Tiveste, claro, as tuas guerras, as tuas lutas contra um mundo que não te guarda lugar. Nada guarda lugar nada, nada dá lugar a nada, tudo é efémero, tudo anseia por algo que não sabe bem o que é.  E, há algo na tua voz, que me relembra o retorno ao uno, ao inicio, ao nascimento do tudo que é um pequeno e minúsculo detalhe. E isso, isso faz-me sonhar um mundo melhor onde uma onda de azul te inunde os olhos, demonstrando-te assim, que há sempre tempo se o tempo existir em ti. Como sempre existiu em mim, não sou um díspar fragmento mundano (e por isso, sou feliz).

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