É a ultima noite de liberdade, vivo neste mundo cresce em mim a necessidade de desorganizar um caos correctamente organizado. É a ultima noite de liberdade, desta leve forma de respirar e o meu corpo pede a mais tranquila das noites. Queria viver , é a ultima noite de uma epoca pacifica, de uma epoca tranquilizante. Queria esgotar a vida, observar o mar no fundo da janela dos meus olhos e inundar-me de uma vida selvagem civilizada por ideais cujos mestres já estão mortos.
É a ultima noite de liberdade, a loucura de não ter praticado loucura alguma. O desabafo da solidão, sentia-me a falta. Queria paz e o aborrecimento de um quotidiano quase apatico. Na ultima noite desta liberdade, na ultima noite antes da azafama de uma cidade pequena para tanta vida que dela escorre, so desejei a paz. Relembrar-me das boas memórias sem pensar nelas. Estou em mais que calma de existência, como que drogado por ter vivido e por ter sido louco, lucidamente louco, descanso agora. Qual o sentido de viver se não perdemos um majestoso tempo arrastado em que pensamos nas loucuras e o nosso espirito parte com as aves porque fomos livres, artistas filosofos abstractos, na forma como a vida se prendia ao estomago?
É a ultima noite de liberdade, vivo neste mundo tambem preciso de exercitar o meu cerebro. Preciso de sentir a ausência desta paz para me saber melhor no seu regresso. É a ultima noite desta leve forma de olhar o mundo, amanhã sou parte do ruído da cidade. Por isso estou em paz. Em tranquilidade existencial. Porque sou livre, não me roubará isso um caótico quotidiano que só os ignorantes apreciam. Sou livre, terei a mais descansada das noites porque sempre fui livre e guardo memorias de ser livre debaixo da pele.