Thursday, February 25, 2010

Mecanica do Coração

Essa continua chacina do coraçao de pano dele tem de parar. Não sentes qualquer espécie de uma qualquer piedade quando olhas directamente para o sofrimento dele? Mesmo que desistas agora dessa tortura sentimental , mesmo que agora o deixes a sos com a tua repetitiva morte já lhe rasgaste o coraçao. Porque era um coraçao de pano, quase não era real. Era so um coraçao de pano...
Pedes clemencia, alias, pedes que olhem para ti. Repetes, alternando entre lagrimas doces e salgadas, que o amaste incondicionalmente. Completamente irracionalmente. No apogeu do teu desespero confessas que lhe ofereceste o teu coraçao, real e resistente, para substituir o de pano, tao fragil, tao hesitante. Quiseste ficar com essa debilidade humana dele, quiseste ajudá-lo. Honestamente. Porque o querias a ele, a acompanhar-te todos os segundos mudos. Pedes clemencia, pedes-lhe que te oiça. Porque ele era o teu tesouro mais precioso, tao raro e tao brilhante que duvidavas que pudesse ser teu.
Mas essa latente tortura do coraçao dele tem de encontrar um fim. Tudo o que ele se lembra é de lhe quereres tirar o coraçao de pano. Não percebeu a tua verdadeira intençao e encarou-te como os outros. Os que o não acreditam, os que o odeiam.
Mesmo que desistas agora dessa claustrofobia sensorial, já é demasiado tarde. A tua salvaçao vinha do coraçao de pano dele e ele já o deitou no lixo, como se deitam as cosias inuteis.
Porque era so um coraçao de pano ...
Inspirado no livro Mecanica do Coraçao

Wednesday, February 24, 2010

Rosa Azul

Ele não tem em ti a fé do universo. Alias, em ti ele não deposita nada, não espera nada. Nem sequer espera algo. Por isso é que esta a um pequeno passo de te amar : és um intenso caminho florido com imensas opções abertas e cheias.

WinGs

Saturday, February 20, 2010

Poder

A tua organização automatizada irrita-o. Tens de o desculpar, chamaram-lhe inumeras vezes animal intelectualmente civilizado (Porém animal).
Mas o animal melodicamente civilizado que é conquistou uma forma de conhecer o mundo que ésensorial. Destingue-se de qualquer multidão pela forma como a descofidica. A compreende. Pela forma como interpreta as pequenas variações que vai sofrendo . Só ele realmente repara nas vozes silenciosas discordantes da unicidade inócua de uma multidão certa e correcta.
Como aquela a que pertences, cegamente. Frívolamente. E ele encanta-te por fazer o que nunca vais conseguir igualar. Ele move a multidao, qualquer uma. Ele orienta-a. A multidao segue-o inatamente. Porque ele é simplesmente um animal que se soube disciplinar e que se basta a si proprio. Tu matarias por esse lugar.
Por isso é que o teu rosto não é visivel na multidão. És cuidadosamente obediente.
Tens de o desculpar. Essa forma de organizaçao de vida aborrece-o.

Monday, February 15, 2010

Regresso Fantasma

Oh por favor não me deixes voltar. Porque é que me deixaste voltar? Ah! O teu consolo é a tua voz fria e suave. Dizes-me que ignorar não é saudavel. Nem sequer é util. Dizes-me o mito de manter fantasmas é um mito triste. Pela sua melancolica opcionalidade.
Dizes-me que serei mais forte e mais resistente se enfrentar aquelas paredes de ferro. Se olhar de frente para aquela prisao tao. Bonita à sua maneira. Dizes-me que tenho de acreditar em mim, que não vou ceder porque já fugi de lá.
Não compreendes que é uma prisao? Uma prisao porque não odeio. Seria tudo mais facil se fosse odio mas não é. Ódio.É amor, a outra coisa. É uma questao de razao de existir. Por isso é que é uma prisão, não me deixa sentir . O amor que me escorre nas veias, que se envidencia até na textura da minha sombra. Esse mesmo amor não existe lá. Não é permitido ( nem sequer é normal lá)
A tua voz fria e suave. Consciente e lúcida do que vou perder. Do que posso conquistar. Dizes-me que tenho de voltar lá, tenho de me despedir. Da prisao. Para que me guardem um verdadeiro e honesto respeito, para não perder a credibilidade.
Dizes-me que ignorar nem sequer é uma acto perspicaz . Tenho de lá voltar e sentir a dignidade no meu espirito. Sair de lá como alguem que inovou uma pequena realidade e não como mais um cobarde que se deixou arrastar por qualquer coisa que aliviasse a dor de simpelesmente
. Existir.

Wednesday, February 03, 2010

Fim

Deixa-o respirar. Foi a escolha dele, deixar-te para trás. E tu escolheste deixa-lo fazer, nao o conseguiste impedir de optar pelo sonho que o movia. Que não foi opção nenhuma porque ele era a visão que tinha do mundo. E se tu não fazias parte dessa realidade excêntrica e inovadora não podia ficar contigo. Nunca pôde. Liberta-te da ilusão.
Deixa-o chorar. Deixa-o lamentar a tua morte enquanto o tentas abraçar. Ele nem sequer sabe se foi a melhor escolha. Ou se existe isso, esse conceito estridente de melhor. Ele acredita que não, apenas não conseguiu escapar ao seu próprio destino. E tu morreste , a dor é aguda. A tua morte. Inevitável. Enquanto ele cumpria o seu pomposo destino. De herói discreto.
Deixa-o respirar.Deixa-o dissecar a escolha que nunca existiu. Insistes em abraçá-lo. Vais acabar por desistir perante a apatia firme dele.
Não acredita em fantasmas. Por isso é que ignora o teu choro, o teu abraço. A tua dor.