Saturday, January 16, 2010

A Rua

A solução morava naquela rua gasta e velha. Não foi surpresa nenhuma para ele, sempre sonhou fugir lá, encontrar-se lá. Morrer lá. Naquela rua gasta e velha.
E todos os dias no comboio ouvia o inconsciente insatisfeito com a estabilidade moderada conquistada, com a vida azul que o consciente responsável realista omitia. E olhava da janela e via aquela rua, gasta e velha. Escondia algo especial. Sabia-o. Senti-a o. Mas não via nada de extraordinário, não ouvia nada de extraordinário e seguia com a sua vida convencionalmente normal.
Um dia perdeu-se perto daquela rua. Começou a sentir uma tranquilidade boa e esquisita, um frenesim que o levava ao êxtase calmamente. Não havia nada de errado naquela sensação exótica, no som que ouvia. Mas encontrou-se e a melodia morreu.
Nunca mais foi o mesmo. Decidiu-se por experimentar a voz do inconsciente (porque não?). Vagueou horas fantasmas ate que encontrou aquela rua. Gasta e velha.A solução morava naquela rua e ele tinha sido o escolhido. Desistiu de resistir ao chamamento.
Naquela rua gasta e velha morava a única hipótese de futuro que o mundo tinha. Quem a não viu ou rejeitou morrerá triste e jovem. Porque a solução mora la, escondida na aparência gasta e velha de um prédio flexível que resistiu ao seu próprio passado.

1 comment:

Alice in Wonderland said...

A solução costuma estar, efectivamente em ruas gastas e velhas.

A maior parte das pessoas nao sabe. E mesmo que soubesse não acreditava. É preciso muita inteligência para ver soluções em ruas velhas.

=)