" Quer a faca caía no melão, quer o melão caía na faca, o melão vai sofrer"
Provérbio Chinês
Tuesday, February 19, 2008
Sunday, February 10, 2008
Mitologias
Num dos dias em que se decapitaram (literariamente) inúmeras cabeças e em que o barulho ensanguentado foi fechado e purificado nas ondas do mar, eu dei-lhe um nome.
Para expulsar a minha insanidade da minha sanidade que está intrínseca ao amor. A imaginação, ás vezes, resume-se a uma mentira que procura causar qualquer emoção humana num corpo dilacerado.
Dei-lhe um nome. Á semelhança da personagem do livro que li, já há demasiado tempo. Sentei-a no meu colo, como uma criança, como um irmão. Não há espírito maternal, fraternidade é igualdade. Por isso é que lhe dei um nome, para ser igual a mim.
A sua voz é, também, a minha. É a minha sensibilidade humana desajeitada que lhe dá voz. Sou eu o som que projecto no mundo, como uma sombra nocturna.
Música é cor. E não se descrevem cores, azul é azul. Daí que os cegos sejam alvo de uma infelicidade irremediável, e os surdos condenados a algo pior que a morte. Dei-lhe um nome, há muito que vejo o mundo com os ouvidos .
Não há sentido.Não há explicação. Acordei , lembrei-me da harpa do druida do livro que li já há muito, muito tempo. E dei-lhe um nome porque somos todos um Prometeu mais ou menos adormecido, a evocar o poder que, na verdade, não possuímos.
Que venha, então, o corvo devorar-me o fígado durante séculos tenebrosos. Eu entreguei-lhe o segredo do fogo: dei-lhe um nome. Atribuí-lhe um significado, uma alma. Tudo o que existe, bem, existe. E tudo o que existe para nós tem um nome- ainda que mudo. Limitei-me a soletrar o dela; e a esperar por Perseu.
Para expulsar a minha insanidade da minha sanidade que está intrínseca ao amor. A imaginação, ás vezes, resume-se a uma mentira que procura causar qualquer emoção humana num corpo dilacerado.
Dei-lhe um nome. Á semelhança da personagem do livro que li, já há demasiado tempo. Sentei-a no meu colo, como uma criança, como um irmão. Não há espírito maternal, fraternidade é igualdade. Por isso é que lhe dei um nome, para ser igual a mim.
A sua voz é, também, a minha. É a minha sensibilidade humana desajeitada que lhe dá voz. Sou eu o som que projecto no mundo, como uma sombra nocturna.
Música é cor. E não se descrevem cores, azul é azul. Daí que os cegos sejam alvo de uma infelicidade irremediável, e os surdos condenados a algo pior que a morte. Dei-lhe um nome, há muito que vejo o mundo com os ouvidos .
Não há sentido.Não há explicação. Acordei , lembrei-me da harpa do druida do livro que li já há muito, muito tempo. E dei-lhe um nome porque somos todos um Prometeu mais ou menos adormecido, a evocar o poder que, na verdade, não possuímos.
Que venha, então, o corvo devorar-me o fígado durante séculos tenebrosos. Eu entreguei-lhe o segredo do fogo: dei-lhe um nome. Atribuí-lhe um significado, uma alma. Tudo o que existe, bem, existe. E tudo o que existe para nós tem um nome- ainda que mudo. Limitei-me a soletrar o dela; e a esperar por Perseu.
Sunday, February 03, 2008
"Don´t Look Back in Anger " (Oasis)
Há dias assim. Em que o espírito é esvaziado, torturado e tudo o que sobra é música. A música. Uma que preencha o vazio que tende a entranhar-se nos ossos quando o coração arrefece - um congelamento interior absurdo.
Então, a mudança torna-se urgente. O quebrar das ondas contra as rochas, o uso da razão não passional. A revolução que se faz a dormir.
Verdade é que a revolução não é quente, daí que um coração frio torne os olhos baços e mortiços. A Primavera não faz sentido. O nascimento da cor é antagónico. Um esforço pateta. Patético. Inútil, porque o Inverno adequa-se a lareiras, ao aquecer das mãos, quando tudo o resto está em coma. E se ainda há calor, então é possível despertar a qualquer instante...
Mas para ela, é já tarde. O tempo de espera chegou ao fim, mas não terminou. Esperará sempre. Talvez entregue as cinzas da sua existência cremada a alguém, a algo. É tarde, mas todos nós continuamos (o quê). A alma dissipa-se, é uma dor cujo único sintoma é a apatia existencial, a doença grave dos que não fingem viver. E por isso, não culpa, nem odeia, nem guarda rancor do passado ( ouvia-a dizer num tom de voz calmo mas não tranquilo ou sereno).
Daria tudo ( ela ou eu, é indiferente) para visitar o lugar sagrado onde o eclipse é permanente; onde não se distingue o dia da noite, a sombra da luz. (E então, o coração descongelar-se-ia, o dela ou o meu, é indiferente)
Ela repete que não há razão para guardar rancor do que já passou. Não é tarde de mais.
Então, a mudança torna-se urgente. O quebrar das ondas contra as rochas, o uso da razão não passional. A revolução que se faz a dormir.
Verdade é que a revolução não é quente, daí que um coração frio torne os olhos baços e mortiços. A Primavera não faz sentido. O nascimento da cor é antagónico. Um esforço pateta. Patético. Inútil, porque o Inverno adequa-se a lareiras, ao aquecer das mãos, quando tudo o resto está em coma. E se ainda há calor, então é possível despertar a qualquer instante...
Mas para ela, é já tarde. O tempo de espera chegou ao fim, mas não terminou. Esperará sempre. Talvez entregue as cinzas da sua existência cremada a alguém, a algo. É tarde, mas todos nós continuamos (o quê). A alma dissipa-se, é uma dor cujo único sintoma é a apatia existencial, a doença grave dos que não fingem viver. E por isso, não culpa, nem odeia, nem guarda rancor do passado ( ouvia-a dizer num tom de voz calmo mas não tranquilo ou sereno).
Daria tudo ( ela ou eu, é indiferente) para visitar o lugar sagrado onde o eclipse é permanente; onde não se distingue o dia da noite, a sombra da luz. (E então, o coração descongelar-se-ia, o dela ou o meu, é indiferente)
Ela repete que não há razão para guardar rancor do que já passou. Não é tarde de mais.
WinGs
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