Nasceu com uma fixa ideia presa ao peito, demorou incontáveis
minutos a conseguir formalizá-la e outros tantos a compreende-la. E pegou no
mundo enquanto o percorria pelos dedos e perguntou : de onde vem o homem
decente, o homem iluminado, o homem com olhar focado nessa coisa estranha que é
a noção de existência? Em tanto sitio que deixou esta pergunta
gravada nas calçadas e a resposta foi sempre igual. Ninguem se importava de
onde vinha o Génio. Uns disseram-lhe que era biológico, hereditário, outros que
era contextual, social, vinha conforme a interacção com o mundo; havia ainda
aqueles que diziam que não existe isso de Génio, toda a sociedade era uma
construção, todos eram génios. Mas ele continuava a perguntar : de onde vem o
Homem, o que tem a concepção dos outros,
o que tem uma diferente e importante perspectiva? De onde vem aquele que faz a
diferença? Mas ninguem se importava com a pergunta dele, havia uma pesada
quantidade de teorias que justificavam tudo menos essa pergunta, de onde vem, não
de onde veem as caracteristicas que o distinguem.
Com o passar do tempo, olhou o mundo circundante e
deparou-se com esse homem bom, decente, tao humano quanto a humana mortalidade
que o torna tão débil , viu-se ao espelho. Perguntou-se de onde vinha. Respondeu
a si próprio : de lado nenhum porque podia ter vindo de qualquer lado. Por isso
é que era tão raro.