Porque não preciso dessa densa irresponsabilidade para carregar , docemente, esta loucura. A loucura está em mim não numa qualquer rua perdida entrelaçada numa qualquer noite que, se fores a observar minuciosamente, foi igual a tantas outras.
Tenho todos os vicios que guardo afecto debaixo da pele e os teus vicios eram apenas semelhantes aos meus, não estavam assim tão proximos. Porque os concretizas para calar uma qualquer dor que encontras em ti e tens essa dificuldade cobarde em enfrentá-los no reflexo e eu não. São também a minha vida, parte de minha carne, se não tivesse vicios , viver me não saberia tao bem, é exactamente o momento em que os concretizo e que perco o paraiso espiritual que abraço a paz existencial. Faço-me Homem porque dão-me extraordinárias capacidades, os pequenos vicios. Sinto-me igual aos poetas e aos músicos e aos herois e a todo e qualqer homem comum, somos todos comuns, contrariar isto não é gastar a vida numa boémia linha de pensamento que tende a ser oca. Como tu fazes.
Porque só sou irresponsavel porque sou Homem, está-me no musculo mais inato que existe em meu corpo. Mas porque sou responsavel pelas consequencias que advem, não sou igual a ti. Tenho os meus vicios que são os teus vicios, mas não me orgulho deles, apenas tenho prazer em pratica-los e guardo esse bem-estar na incosciente memória. Tornam-me homem porque sinto a vida.
Tenho o maior vicio de todos, a causa de todos os vicios- tenho o vicio de viver, o mais humana e sabiamente possivel. E , essa, é toda e qualquer diferença que entre nos se instala. Eu sou absolutamente feliz na minha consentida efemiridade.