Monday, December 27, 2010

Não-Família

Família. Um conceito interessante, dos mais interessantemente controversos, talvez. Família. Mas sem aquele romantismo arrastado de filmes baratos com ideais dignos de alguem em que a ignorancia ocupa a maior parte do cerebro. Não, familia. Falo da familia, daquela que se escolhe ter para garantir uma parte do ego em movimento, em crescimento. Em evoluçao. E, surpreendentemente, em casa. Ah sim, familia. Irmaos de sangue ao estilo viking onde a lealdade é o altar maior, é a maior e mais dificil demonstração de coragem. E de amor.
Família. É dúbio. E o amor que se desenvolve ganha espaço num mundo que é frio e cru. Um amor que sempre esteve lá mas que em algum momento peculiar é activado e o mundo conquista um sitio sagrado e mitico, um canto da praia onde Sophia ainda esta viva, onde a menina dos fósforos encontrou a paz. Sim, isso é familia. Sem romantismos . A vida sempre foi uma coisa real, faze-la mover-se numa evolução melódica requer genialidade, requer amor. Não há genialidade sem amor e a genialidade mora as vezes em pequenos pedaços de quotidiano que conquistam um pedaço de coraçao quando tudo é esquecido porque o mundo é triste. E a familia está lá, a descongelar um coraçao perdido, uma alma quebrada. A familia está lá, no seu quotidiano descompassadamente ritmada, sincopado. E nasce aquele santuário, aquele canto da praia onde tudo é possivel, a Alice atravessou o espelho e encontrou um mundo que lhe fazia mais sentido, na areia lem-se ainda pequenos pensamentos de Oscar Wilde e , o mar, na sua eterna melancolia azul traz, de vez em quando, um principezinho que corre aquele canto de praia em busca da sua rosa. Sim, familia é esta segurança , este lugar seguro porque tudo é possivel. O conceito de familia não é seguro e confortavel porque é estavel. Oh não, é reconfortante e revigorante porque nada é estavel e tudo é possivel. Até a ferida que rasgou o coraçao de papel e esmagou o espirito pode ser curada.
Mas não um daqueles conceitos de familia baratos. Não é uma pintura vazia de uma ceia de Natal. Oh não, é precisamente o contrario. Irmaos de sangue, onde o coraçao é demasiado largo e fundo para não ultrapassar qualquer contratempo, qualquer obstaculo.Familia é este canto de praia onde a brisa marinha guardou a essencia de Cliff Burton e tu te sentas lá. Quieta, a ouvi-lo. A familia torna tudo possivel. Mas não aquela familia barata e previamente imaginada e construida. Oh não, não. Esta familia que tu escolheste como tua. Irmaos de sangue, ao estilo viking. Lealdade como bem maior, imaginaçao e utopia como ideal. Um lugar sagrado que não existe e, que por isso mesmo, vai existindo. E nos somos aquele lugar, onde a familia está para alem do laço de sangue sem deixar de ser, tambem, uma questao de hereditariedade. Familia, um conceito controverso. Mas não em nós, “pagoes inocentes da decandencia”, que construimos aquele canto da praia onde tudo sempre foi possivel e, por isso, conquistamos uma fracçao de genialidade, de louca e racional genialidade.


Para a minha irmã

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