Thursday, July 08, 2010

Carta à Sociedade

Não quer ser isso. O filho prodigo que segura a mao do mundo quando o mundo lhe corroi a vida. Não quer ser o mártir amado e adorado enquanto o seu corpo jaz imovel e frio abandonado numa terra qualquer. Não quer ser isso, uma vida cheia de sucesso que lhe diz nada.
O falhanço nunca teve um sabor amargo tao agradavel. Se o mundo não esperar nada dele entao deixa-o em paz. Deixa-o livre. Na tua visao, mal se aguenta sozinho como vais contar com ele para alguma coisa? O falhanço nunca teve um sabor tao doce. Ao menos acabou a mentira patetica que se instalou. Acabou o conto de fadas triste ,dramatico e forçosamente feliz com um final visivelmente programado. Ele sempre disse que faria algo novo e que ninguem o ouvia. Ninguem lhe prestou atençao e ele continuou a avisar que um dia ia quebrar. Sempre disse isso, que gostava de quebrar convençoes pateticas que continuam de pé porque as pessoas não aguentam a sua propria frustraçao.
Não quer ser isso. Uma humana versao de Cristo que representa o bem e o perdao. Porque ninguem o desculpa a ele, ninguem olha para ele. Usam-no, exploram-no , violam-no. Arrancaram-lhe a privacidade, a liberdade, a unicidade suave e bela do ser dele. E ele quis de volta. E agrediram-no , disseram-lhe que o amavam, ninguem o ama mais que voces.
Não quer ser isso. Um filho prodigo que segura a mao do mundo sabendo que isso é a sua propria morte. Não quer ser filho, não quer ser nada. Quer ser ele, apenas ele.
E ele já esta quebrado. Já o quebraram. Parou a chacina. E embora tenha falhado sente que está no caminho certo.
Longe de vos. Monstros deglutores da originalidade para garantir a existencia da vossa existencia patetica.

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