Monday, December 07, 2009

Reflexão

Como é que falhámos tanto? Como é que nos tornámos nestes dois desconhecidos que se reconhecem em silêncios mudos , marcas de batalhas patéticas vencidas?
E como é que ainda não te apercebeste que sempre fui essa fraude? Sempre fiz a viagem ao sítio que não tinha qualquer interesse em conhecer, sempre tive um sucesso relativo naquilo que nutro um profundo e legítimo desprezo. Compreende, comigo tornas-te naquilo que gostavas de não ser: o eterno deslocado poético, duro estratego e afável.
Mas a minha componente de falha não é surpreendente, a falha sou eu. A minha existencia e a forma como vivo é um erro, a minha filosofia é um erro. Mas tu? Sempre foste a flor mais bela de um jardim pequeno que quando morre as pessoas só choram por uma fracção de segundos. A tua unicidade e especialidade sempre foram relativas.À primeira e superficial vista, todas as outras flores têm o teu perfume .
Como é que falhaste tanto? E propões-te a continuar a errar dessa forma poeticamente afável. Talvez até suavemente inócua.
Como é que falhámos tanto? O mundo. O eterno caos. E o nosso inocente pecado.

2 comments:

Alice in Wonderland said...

Eu diria que a maior falha é essa.
O interesse deslocado de dois seres que não pertencem (nem nunca pertencerão) à mesma realidade.
Mas um deles falhará sempre - está do lado errado, é "o eterno deslocado poético, duro estratego e afável"
O outro falha por opção.

( Ou secalhar as "flores mais belas dos jardins pequenos" também são erradas. Se calhar há muitos tipos de jardins errados"

WinGs said...

A falha é a relaçao entre eles. Eles nunca deveriam ter coexisto.

Mas coexistem. Porque o eterno deslocado é deslocado em qualquer sitio, é lhe indiferente o lugar.

Mas ao outro nao. E o erro é dele, nao do deslocado.