Ele pede para compreenderes que o coração está noutro sítio; não o acompanha nos dias arrastados e melancólicos. Desde que te ausentaste naquele dia de Sol demasiado quente que ele o enterrou na praia. Compreende, por favor, ele implora-te que compreendas o crime que cometeu. A dor era tão ensurcedora e vibrantemente cruel que ele esfaqueou e enterrou o coração na praia onde foi feliz na infãncia.
Perdeu tudo quando enterrou o coraçao moribundo. Perdeu o amor, perdeu a compaixão. Restou-lhe a flexibilidade e uma disciplinada jovialidade sustentadas pela filosofia mental. Esfaqueou o coração vezes sem conta, estripou-se e afogou-se em sangue e desespero. A dor era um barulho demasiado violento e tu nao voltavas. Deixou de saber se alguma vez aqui estiveste verdadeiramente.
Porque o deixaste só? Deixaste-o só. Não viste quem era ele, nao compreendeste o que era ele e trespassaste o coração. Ele pede que compreendas que morreste com o seu adorado coração chacinado. Não interessa se voltaste ou se dizes que permaneceste sempre ao lado dele: foste-te embora quando ele se sentiu demasiado só, quando a dor começou a anulá-lo.
Ele gostava que compreendesses que não deseja causar-te nenhuma dor inútil. Não por amor a ti ( o nada define-te) mas por respeito ao coração moribundo que jaz abandonado na praia onde a infancia dele cresceu.
O coração dele. Esfaqueado pela desilusão de seres igual a toda a gente e ele amar-te mesmo assim.