Saturday, August 22, 2009

Fatalismo

Não existe o lugar, o canto que me pertence. Por isso é que o coração está disponível, não há o conforto da pátria. Isto tem a minha marca, a minha assinatura antiga, a minha vivência. Mas não projecta o meu futuro porque não me guarda um espaço. Só meu. E devia, porque é a minha casa, a herança do meu sangue.
É fácil ser livre, assim. É fácil ser livre assim, mas uma liberdade crua e fria. Porque é o direito da procura do sitio onde me esconderam o coração. Depois de rompida a rotina de um dia-a-dia que acaba por nos definir nos pormenores em que abandonamos a nossa personalidade, depois da violação da privacidade porque não existe o lugar da cidade no qual se chora - o lugar onde as estrelas são apenas constelações desenhadas pelos gregos - não existe mais nada. A não ser a intensa disponibilidade de um coração que nasceu no sitio errado.

1 comment:

Alice in Wonderland said...

É verdade. O amor, a liberdade nascem desse desapego. Dessa ausência de algo que devia de forma inata existir.
Não há como invejar ou ambicionar essa liberdade. Ela existe, de forma estrita para suportar essa procura extenuante.