Gostava que , pelo menos uma vez, não me tentassem estrangular os sonhos. Ou a mim.
Mas é inútil. Tentam-no. Vezes e vezes sem conta. E, se dantes, me perguntava “Porquê eu?” agora, a pergunta restante, é a até quando resiste a minha força. O Universo fecha-se claustrofobicamente.
Estou enfraquecida. As coisas, o mundo, começam-me a ser indiferentes.Torna-se tudo igual; tudo irritantemente parecido. Só se mantém diferente o azul que resume e abarca toda a minha vida. Toda a minha existência. O azul é o que me resta.
Enfim, talvez gostasse de ter sido outra pessoa. Talvez quisesse ter tido outra vida. Agora é irrelevante. Sempre foi. O “se” o pensamento dos cobardes. E uma perda de tempo.
Podia esconder-me por detrás do destino e dizer que fui condenada. Mas não, não acredito. A vida é um deserto aberto sem ventos decisivos. Eu escolhi o vento que me parecia mais bonito.
Condenei-me.