Wednesday, July 02, 2008

Orfeu Moderno

Tinha sempre saudades do mar e do rio. Era a qualidade do amor que nasce nas estrelas mas nunca morre com elas: é imutável. E, quando via o mar ou o rio, havia uma sensação de felicidade simplista que lhe aquecia o corpo , a pele e os pedaços de espírito porque abandonava o pensamento e remetia-se, apenas, á emoção e ao sentimento.
O mar é irmão da música. Ambos são mais do que divinos, mais do que Deus. Emitem sensações, procuram a percepção da simplicidade existencialista. E o rio, bem, o rio era dele. Porque apesar de ser grande e famoso, reflectia o Sol quando se punha de um ângulo que fazia com que o vento fosse projectado do coração para o mundo ; porque, apesar de ser parte da História e te ter fantasmas que navegam sobre as suas aguas, o presente também existe e é eternamente azul . Gostava do rio e o rio deixava de ser o grande rio, o grande azul que parece quase o mar para ser só o seu rio. Não era o rio que engoliu parte de uma cidade, era o rio que era tão azul como o céu.
Por isso é que lhe lembrava a música. A melodia, a entrega humana, a sensibilidade e o amor primitivo. Era igual, as sensações, o tipo de sentimento. O momento de alegria infantil em que o tempo estagnava e o espaço não importava. O mometo em que ele era ele, sem espelhos para se reflectir. O momento em que estava protegido pelo divino.

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