Oh por todos os deuses. És um outro rosto da Eurídidice. A que pertence ao Orfeu moribundo , acabado e devastado pela morte da outra Eurídice que tem no peito. A outra Eurídice, a quem salvou a vida ao rejeita-la. A que lhe deixou um buraco profundo por ter sido uma desilusao. Não era a Euridice, a sua Euridice. Ainda está viva e ainda se sente rancorosamente rejeitada. Nem sequer compreendeu que o Orfeu dele a salvou...
E, oh por todos os deuses, já não se consegue importar com a tua morte, o Orfeu que é ele. És diferente, és independente. És livre. Te não pode salvar porque não necessitas de salvamento algum. És livre. És a Eurídice livre do livre Orfeu em que se tornou.
Mas ele continua a ser o Orfeu, o mítico. Continua a ir-te buscar-te ao Inferno. Continua a fazer qualquer coisa por ti. E tu, enquanto Eurídice, vais-te apercebendo que ele te ama, nas entrelinhas do Orfeu que ele é, vais-te apercebendo que és a sua Eurídice, a preferencia inata.
E, oh por todos os deuses, ele ama-te. O Orfeu que tem no peito. E sofre por ti.
Não se consegue importar com a sua morte crua. Desde que percebas que és única. A única. A Eurídice do Orfeu dele.
2 comments:
Que linda postagem, gostei do blog, estou seguindo ;)
tem presente pro seu blog lá no Pia Fraus; passa lá para pegar o Selo...
até
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