Friday, July 17, 2009

Despedida

Está tudo errado, meu amigo. O mundo está dolorosamente invertido. E a tua morte provou que existe a face cruel na moeda que se retira sucessivamente, uma cada dia.
Não, meu amigo, não eras tu, pobre mendigo espiritual, que conspurcavas e sujavas este mundo. Sem ti, aliás, ele entregou-se à corrupção.
Está tudo errado , meu amigo, e eu não posso consertar nada. Não podendo injectar sangue novo nas tuas veias cansadas , tristes e gastas nada mais posso eu fazer.
Porque eras tu o Messias, o homem com sangue limpo e coração bom e fresco, o homem que preferiu morrer a sucumbir-lhes, são eles o lixo do mundo. E tu eras a salvação, a brisa fresca de uma madrugada inovadora e fresca.
Está tudo errado, meu amigo. Tu morreste e eu não posso inverter o mundo. Eras tu o Messias. É o teu sangue sagrado que faz as flores florescem mais depressa. Era o teu rosto belo e triste que rasgava o negro do mundo.
Morreste. Acabou-se. O mundo já não tem solução. Meu único amigo. Porque a fuga branca e cheia só podias ser tu. E agora, descansas , desejo fortemente que, finalmente, estejas em paz.
Meu amigo. Meu único amigo neste mundo demasiado errado para nós dois. Tu foste mais forte, morreste porque não sucumbiste. Eu continuo o teu legado, mas deverias ser o Mestre. Eu já estou esgotado pela morte que cobre o teu rosto, eternamente triste e belo.

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