Friday, July 31, 2009

Desencontrar

O dia chuvoso reflecte a tua ausência. Até o Sol te chora.
Porque chegaste tarde e ele não te pode culpar e existe legitimidade na cegueira com origem na dor. Tu eras a cura, a que foi criada para ele, mas a dor era muito forte e ele não via o mundo lucidamente. Gostava de se culpar mas não consegue.
E isso só agrava. Nasceu nele uma culpa inocente, afogou-se na lama que deixou germinar dentro do coração.
Só depois te viu. Libertou-se da sujidade envolvente e tomou um banho espiritual durante vários dias sombrios para te poder receber de braços abertos.
Mas demorou demasiado tempo, o cumprir do luto é um tempo extenso. Foste-te embora no segundo anterior à cura dele. Nunca o viste, exactamente como é.
E ele reconquistou a sanidade, a lucidez, parte do coração. Mas sem ti, prefere a dor antiga , do luto, a cegueira romântica, a lama oriunda do desespero de um destino vazio.Porque a tua ausência não tem nada de romântico ou poético. É matemática, é aguda

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