Agora que o silêncio é um mar sem ondas
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
3 comments:
Adoro este poema. Ha memorias que devem permencer sempre memorias. Revive-las, é exactamente como matar a sede com água salagada. Não há melhor forma de o dizer...
Once again, quando encontrei o poema, lembrei-me de ti.Achei que ias gostar.
Keep Cool Pantalaimon!
“Ouvira dizer que com os anos chega a sabedoria, e ele esperara, confiado em que tal sabedoria lhe oferecesse o que mais desejava: ser capaz de conduzir o rumo das recordações e não cair nos laços que estas frequentemente armavam.”
(Luís Sepúlveda in O velho que lia romances de amor)
Confesso que não gosto muito de Miguel Torga, mas acho que era porque não conhecia este poema... Ao lê-lo, senti a minha vida retratada nele. Há alturas em que uma voz nos relembra o que custou tanto esconder nos recantos mais sombrios da nossa mente. E o sofrimento, às vezes, termina numa paz que, no fim, sabe tão bem.
Beijinhos*
Post a Comment