Saturday, June 06, 2009

Desculpa-o

Desculpa-o. Por favor, desculpa-o, ele não o faz intencionalmente. Mas já tem tantas cicatrizes espalhadas pela memória sensível que não consegue evitar recear que sejas mais um a violentá-lo. Ou pior, que o saibas ferir fundamente na cicatriz matriz, aquela que nasceu com ele e ainda ninguém viu.
Desculpa-o, porque ele quer dizer-te onda guarda a rosa, quer deixá-la contigo. Confia que sabes amar e acariciar as frágeis pétalas azuis sem as desfazer na violência do toque bruto ignorante.
Desculpa-o, ele sente a tua falta mas é um monstro. Vê-se orgulhosamente como um monstro – não é como eles, está desfasado. Está nervosamente à espera que sejas banal e sujo para poder existir só, triste mas seguro (apesar de sonhar que lhe poderás fazer companhia na solidão).
Desculpa-o, a tua falta é como a ausência do Sol amigável e quente no dia mais frio e áspero do Inverno profundo. Não torna o dia insuportável. Mas torna-o mais longo , escuro e dorido.

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