Monday, December 29, 2008

Talvez a Chuva

Talvez por isso aprecie a chuva, purifica a minha pele, leva-te definitivamente para longe de mim, atenua a dor que verdadeiramente não sinto.
Talvez a chuva seja o inverso do vento, que me falou de ti. Talvez a chuva seja a metáfora viva da minha incapacidade humana de acreditar: surge sempre depois de um tempo de sol vivo e cheio, aparece sempre quando o coração começa a secar e o som se dissipa devagarinho. Chove sempre, quando a duvida se instala e a decepção alastra.
Não é por mal. Mas para mim os dias de chuva são mais permanentes que os de Sol e a pele já está mais pálida do hábito. Não é por mal, foste o meu dia de Sol radiante e cheio; tiveste uma luminosidade que me fez esquecer que a chuva sequer existia.
Mas ela vem sempre. Tu hesitaste e choveu , o conceito de fim ocupou a mente.
Não é por mal, mas a chuva intensa que me molhou a roupa tapou definitivamente o Sol. E a luminosidade que tiveste é ocultada pela cortina de nevoeiro sem oferecer resistência.

Inspirado em Le Moulin, O Fabuloso Destino de Amélie

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