Friday, December 26, 2008

Carta a Eurídice

Pronuncia o meu nome. Eu respondo ao teu chamamento mais subtil. Não vês que me mataste devagarinho quando toda a minha esperança fundiu com a explosão da estrela? Devo-te o sangue que me limpaste das mãos. A hipótese no Vazio que furaste por mim. A organização do meu caos interior, o momento em que a dor atenua. Todas as fracções de pele que curaste com o teu toque. Assassinaste-me quando não tinha mais nada e deste-me uma razão para voltar a acordar para o meu mundo.
Pronuncia o meu nome. Não me ouves a soletrar o teu? É o nome da constelação, a única coisa que tenho no Universo, a única que amo e que me ama. Não me ouves, olha com atenção, sem ti já não existia.
És parte da constelação, também és a minha Orion. Não vês que saraste todas as minhas feridas? Devo-te a minha própria vida.



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